quarta-feira, 30 de abril de 2014

BONECOS DE TRAPOS


Deixo-vos hoje um poema sobre a partilha numa vida a dois. O blog ficará "fechado" por motivos de segunda lua de mel na próxima semana! Até daqui a 15 dias!!

Eu tirei o véu, o vestido
Tu também tiraste tuas roupas
E seguimos juntos o mesmo sentido
Partilhando a vida em coisas poucas

Partilhamos todos os pedaços
Fossem cicatrizes, fossem sonhos
Moldamos nossa peles aos traços
Que todos os dias juntos compomos

Costuramo-nos um ao outro nas feridas
Rasgamos sorrisos saudáveis
Livramo-nos das traças escondidas
Entre combates e guerras improváveis

E nossa pele não desmente
Que tecida num tear de emoções
Já não sabemos o que cada um sente
Só sabemos o que sentimos os dois

Talvez não seja humana a nossa condição 
Nesta mistura de tanta pele e de tantos incêndios
Mas aceito ser um boneco de trapos sem coração
Para partilhar nossos farrapos e nossos remendos

quarta-feira, 23 de abril de 2014

UMA NOVA LUZ


Conhecem alguém a quem um animal de estimação tenha "iluminado" a vida? Eu conheço... principalmente nos idosos, os animais de estimação podem-se vir a revelar uma companhia muito importante. Este poema é uma reflexão sobre este caso especial!
 
Minha alma andou perdida
Num mundo sem rostos
Com a luz esbatida,
Adoecida por desgostos
 
E de repente chegas tu,
Chegas tu à minha vida
E sinto meu espirito nú
Sem defesa à tua vinda
 
Chegas tu com esse olhar
E vejo novamente um rosto,
Essa vivacidade a saltitar
Que me faz rir, bem disposto
 
Chegaste tu, minha doce e traquina
Com essa luz intensa a irradiar
Tomarmos conta um do outro é a sina
Que reacendeu a luz no meu olhar

quarta-feira, 16 de abril de 2014

AMORITE



Nenhuma aula de cardiologia
Poderá decerto explicar
O que esta breve poesia
Aqui vem questionar

Como podem dois corações
Se atraírem entre milhões?
Descompassarem em arritmia
E ferverem em taquicardia?

Como podem dois corações
Comunicarem por palpitações?
Criarem alterações no ECG
Sem uma etiologia... porquê?

Como podem dois corações
Alterarem as suas conduções
Eléctricas, e faiscarem emoções
Sejam frágeis, saudáveis ou durões? 

Efeitos de alguns agentes emotivos lamechas
Às quais o organismo abriu brechas;
Faria o diagnóstico em termos pouco científicos
De amorite idiopática com efeitos cardíacos!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

PRESPETIVAS TERRESTRES


Dizes que ando sempre na lua
Tropeçando numa certa loucura
De um aluado sonhador
Que vive de ar e de amor

Em busca de constelações
Achando estrelas entre milhões
E estrelas cadentes apressadas
Por entre sonhos trespassadas

E sempre olhando para o ar
Volta e meia lá vou tropeçar
Nesse mundo sólido e agreste
De consistência tão dura e terrestre

Enquanto me ajudas a levantar amor
Repara nesta bela e terrestre flor
Junto à pedra onde meu equilíbrio cedeu,
Tal como eu vive voltada p'ró céu

quarta-feira, 2 de abril de 2014

CANTIGAS DA RUA


Reconheço no meio de buzinas
Impacientes e apressadas
Uma melodia e suas rimas
Por vozes quentes e afinadas

Entre muitos rostos apressados
Alguns abrandam um pouco o passo
Dissipam-se semblantes pesados
Entre o ritmo e o compasso

E num cantinho rotineiro da via
Surgem uma, outra e outra melodia
Cantadas por um qualquer sonhador

Musicas conhecidas e registadas,
Com cantor, mas que de tanto amadas
Tornam-se cantigas da rua, desse amador