terça-feira, 7 de abril de 2015

IMPERFEIÇÕES


Convive bem com as imperfeições?

Há alguma coisa perfeita?
Não sei se há alguma coisa perfeita...
Podia ser sempre um pouco mais direita,
maior, menor, mais larga ou estreita.
Mas há a perfeição idealizada
que depois, quando é projetada
dá-se uma avaliação de mal acabada,
uma imperfeição desdenhada.
Que tal procurar perfeição na imperfeição?
Que tal melhorar a imperfeição?
Porquê comprar tudo novo, sem arranhão?
E se tiver arranhão? Será grande a imperfeição?
E se para mim for quase perfeito o arranhão?!
Só há evolução porque há imperfeição!
Se houvesse perfeição, haveria estagnação.
Mas não há estagnação! Há tantas, tantas imperfeições...
há imperfeições muito imperfeitas, outras menos
que vou mudando... que já mudei...
convivo com elas em sinergia e sereno.
Quanto à perfeição? Nunca a encontrei!

terça-feira, 31 de março de 2015

INSONIA


Dormiram bem?

Não, não se passa nada
Mas por baixo da almofada
Deslizam incomodos pensamentos
Que tornam os meus cinzentos

Não, não tenho frio ou calor
Não quero manta nem cobertor
Mas queria cobrir minha alma
Embalando-a em calor e calma 

Não, não consigo dormir
Não tenho sono nem está para vir
Destoa o click do relógio compassado
Do meu ritmo circadiano desritmado

terça-feira, 24 de março de 2015

POESIA




POESIA

No dia 21 de Março celebrou-se o dia Mundial da Poesia, espero que o tenham vivido poeticamente...
Hoje porém, o espírito é bastante diferente, marcado pela tristeza da morte do grande poeta Herberto Helder... vida eterna na sua obra....vida eterna ao Poeta... abençoada Poesia

É uma inquietante paz
Que se sente, se vive, não se explica
No embalo profundo e fugaz
Dos sentidos e sentimentos que dignifica

Transforma banalidades ao seu redor 
Tudo ganha ou perde significado
Refugio dos pensamentos e da dor
Em que nunca nada é amenizado

Tudo é realçado e recalcado
Tudo é exteriorizado e reprimido
Tudo o que sou será velado
No suspiro de um verso sentido




terça-feira, 17 de março de 2015

ALTER EGO



Boa noite Alter Ego! Já cumprimentou o seu?

Conscientemente abafando
O inconsciente transbordado
Há um outro ser habitando
O corpo que está acordado

Um outro eu, diferente
Com outra personalidade
E neste choque, presente
Um transtorno de identidade

Não sou só eu, somos nós
A face exposta, a face secreta
Uma de cada vez terá voz
Cada face... na hora certa

terça-feira, 10 de março de 2015

SONHO ACORDADO




Costumam sonhar acordados?

Não, não são crises de ausência
Muito menos perda de consciência
É sonho, sonho e mais sonho
O único diagnóstico que proponho

Um sonho acordado, de olhos abertos
Que tornam os sentidos mais despertos
Um sonho energético que puxa a vida
E que evita a sonolência e a deriva

Um ou mais sonhos sentidos por sentidos reais
Agitam e desequilibram alguns sinais vitais.
Sem sono em fase REM, sem olhos fechados
Só por pesadelos reais podem ser perturbados

Estes sonhos que temos acordados 
Que nunca, nunca sejam fragmentados.
Nestes sonhos vive a real motivação
Que dá à vida toda a impulsão

terça-feira, 3 de março de 2015

MUTANTE


A partir de agora, novo poema às terças-feiras

Há memórias de um passado
Que apesar de bem recordado
De ter sido sentido e  vivido
Nada mais tem a ver comigo

Pouco ou nada do Eu que hoje sou
Existe na lembrança que ficou
Afastada pelas ideias divergentes,
As antigas e as de hoje presentes

D'um Eu que acerta, erra e repensa
Algo assimilado fará a diferença
E haverá uma outra diferença a seguir
Transformando o pensar, o querer e o agir

E num passado modificado e movediço
Só com o futuro há compromisso
Só sei o que sou neste instante
E que continuarei um ser mutante

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

RODOPIAR



Têm rodopiado muito?...

Quero permanecer nesse momento
Em que tudo é movimento
Girando como um cata-vento

Num controlo descontrolado
Esperando só o inesperado
De um corpo vivo projetado

E viver tão energética tontura
Que é a mais sana loucura
Com tanto de doença como de cura

Numa arriscada trajetória imprevisível
A vertigem escondida sobe de nível
Num auto-encontro de vida incrível

Havia energia para rachar paus!
Até atingir os 360 graus...
Tudo acaba onde começa... no mesmo degrau



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

FLOR MOLDADA


Já moldaram alguma flor?

Quando no jardim não há flores
Não vou andar a colher dissabores
Nem semear ventos ou tempestades
Por mais duras que sejam as verdades

Se no jardim não há flores
Apenas chão árido, sem valores
E se não há tempo p´ra plantar
Que minhas mãos sejam terra a trabalhar

Que minhas mãos sejam terra a mexer
O calor que uma nova flor há-de ter
Não a flor plantada, mas a moldada
Não a espontânea mas a fabricada

Porque quando não há solução
Há sempre pelo menos uma mão
Para todo o impossível criar
E um jardim de flores moldar

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

COMEÇO COMEÇADO



E aqui começam novamente os meus já começados rabiscos!

Num começo já começado
Num acabar continuado
Há uma expectativa face ao passado
Do momento seguinte projectado

E é assim que o futuro aparece
Conta-se em decrescente e acontece!
A magia que daí vem
Quando se brinda com champanhe

Os dois presentes: futuro e passado
Trocam ideias, lado a lado
E um novo ano ganha o mundo
No começo começado de mais um segundo