quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

UM GESTO DE NATAL


Os votos de um feliz Natal para todos!

Protegido pelo calor aconchegante da lareira
Com toda a família interagindo à sua beira
Rodeando a farta e apetitosa mesa de maneira
A conviverem em harmonia e em brincadeira

Que bela e sonhada visão de Natal
Mas em quantas famílias não será real?
Porque em vez do calor terão o frio da rua,
Ou sem companhia vivem na solidão crua...

Mas porque o Natal é amor e generosidade
E um gesto de ajuda, com boa vontade
Pode fazer alguém sorrir num esboço de felicidade

Vamos falar, dar, partilhar com quem esteja mal
E arrancar-lhes um sorriso numa atitude banal
E assim... num pequeno gesto, que cresça o Natal

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

À VOLTA DO PINHEIRINHO





O que fazem à volta do pinheirinho?

À volta do pinheirinho 
Bebendo um bom vinho
E com boa conversa
Que o tempo não vá depressa!

E o pinheirinho dá voltas
Na volta das conversas
Pegando em pontas soltas
As palavras dispersas

Em brindes à amizade
E disparates que o à vontade
Permite nestes encontros
Que até ficamos tontos

E na tontura de tantas voltas
À volta daquele pinheiro
Há conversas para o dia inteiro
E pinheirinho até Janeiro!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

OS KIKOS


Este poema é para o Francisco e para a Ana Francisca

Por três pequenos meses espaçados
Foi o Kiko que chegou primeiro
Calminho, de volume controlado
Mamando e dormindo o dia inteiro 

Chega então depois a Kika
Mais comilona e agitada
Tão lady que até no shopping fica
Mais calminha e descansada

Enquanto isso, o Kiko atento
Ás novidades do canal Panda
Vai chuchando no dedo sedento
Até se lembrar novamente da mama

Nestas tenras e imaturas idades
Precoce seria falar de personalidades
Mas destes pequenos e amorosos rebentos
Adivinham-se já seus temperamentos

Porém só o futuro irá mostrar
Como é que estes Kikos se vão dar
Muito amigos, até quiçá namorar
Estes Kikos ainda vão dar que falar!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

PEQUENO PORMENOR


Quão grande pode ser um pequeno pormenor?

Para além de muita coisa importante
Ás vezes sem sabor, até entediante
A cereja no topo do bolo com cor
Transforma todo o enquadramento anterior

E de pequeno ou de grande tamanho
Naquele ajuste, que enorme foi o ganho
De importância relativa, maior ou menor
Foi até suficiente para o dia correr melhor

Um tom esbatido, menos carregado
Aquele bom dia com um sorriso rasgado
Um tal telefonema mesmo na hora certa
No decote do vestido uma bainha aberta

Aquilo que se faz, no tom que se diz
O tal acabamento, o brilho do verniz
Uma noite a avançar, com ou sem lareira
A companhia que está sentada à nossa beira

E os mínimos detalhes pode estar muito valor
Pois nem sempre é pequeno um pequeno pormenor!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

INCERTEZAS



Hoje teve alguma  incerteza?...

Quando a questão é retórica
Sem conclusões cientificas
Ou sem consistência histórica
As ideias não são pacíficas

Porque não sei de onde venho
Muito menos para onde vou
E para além do meu empenho
Não sei se serei sempre quem sou

Quase tudo na vida é tão incerto...
Como poderia seu cerne ser algo de concreto?
E para que seja mentalmente assertiva e equilibrada
A incerteza é uma constante constantemente ignorada

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

CUMPLICIDADE



Entre muitos outros condimentos, quão importante será a cumplicidade numa relação?...

Não, nem sempre concordo
E sim, muitas vezes discordo
Das tuas ideias, tuas opiniões
E inclusive de algumas ações

Não, nem sempre te percebo
Sim, muitas vezes não concebo
O quê? porquê? então?
Nem sempre te dou razão...

Mas dou-te tréguas no meu espaço
Pois  não sou a dona da razão
E também tu me dás aí um pedaço
E supres a tua pergunta ou reflexão

E é aí nesse espaço de tréguas
Que lado a lado caminhamos léguas
E sem compreender acabamos por aceitar
E sem concordar acabamos por apoiar

Lado a lado não esquecemos opiniões
Mas não deixamos que se tornem confusões
E as diferenças esmorecem de verdade
Abafadas pela nossa cumplicidade



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

OBSESSIVO-COMPULSIVO


Dedico este poema a todos os doentes obsessivo-compulsivos

Na mente um pensamento rebelde e intrusivo
Tão inaceitável como indesejadamente repetitivo.
Na busca da paz encontrou um falso amigo:
Agarrou-se e foi agarrada pelo comportamento compulsivo

E naquela ansiedade que não mata mas moi
Ah melhor se matasse!... Porque perturba, doi
Rituais minuciosos de simetria, alinhamento
Desordenam toda a vida, do já baralhado pensamento

Naquela ideia continua de sujidade e contaminação
Nenhuma água conseguia lavar da cabeça a confusão
E no ciclo vicioso do comportamento ritualizado
A atormentada mente perpetua o seu doentio e triste fado

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CARTA DE FORAL



O município de Felgueiras comemora os quinhentos anos de Foral. Viva El Rei D. Manuel!

Naquela carta estava o principio
Do que viria a ser o município
O Povo foi liberto do controlo feudal
Pelos privilégios concedidos no Foral

Com seus direitos e deveres, a liberdade
A terra prometida é agora da comunidade
Hoje é dia de nos juntarmos no pelourinho
E comemorarmos com dança e muito vinho

Porque aquela carta veio assim dizer
Que afinal o Povo tem algum poder
Abençoado seja tão nobre papel
E viva! Viva El Rei D Manuel!



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

ANIMAL ESTIMADO


Estima bem o seu animal de estimação?

De porte pequeno e expressão matreira
Com cauda a abanar, toda lampeira
Pêlo bem escovado e brilhantes na coleira
Seguia a cadelita na mala da estrangeira

E quem não os traz na mala ou pela coleira
Depois do dia de trabalho terá a noite inteira
Para os alimentar nos recipientes ou de mamadeira
E com eles caminhar na rua, em vez da passadeira

Vão consigo de férias, acompanham-no na feira
Ocupam na praia o melhor lugar na sua esteira
Vê seus hábitos humanos, alterados pela maneira
Com que o animal o encantou com a amizade verdadeira!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

MUI NOBRE E SEMPRE INVICTA

 
O que vos cativa mais na Invicta?

Tenho-te no aconchego de uma casa
No calor da castanha em brasa
Apregoada na estação do seu tempo
Á frente da estação de S. Bento
 
Respiro-te nos jardins de cristal
Com cheiro a flores, a café e a jornal
Passo pela Biblioteca Almeida Garrett
E pela vertigem d´uma vista que compromete
 
Divertes-me com os favaitos do Piolho
E pelos bares que vou passando o olho
Enquanto percorro calmamente as Galerias de Paris
Depois de comer uma francesinha no Aviz
 
Agitas-me na travessia do Douro
No rolar da pipa da bebida d'ouro
Tentas-me no comercio de Sta Catarina
E em outras lojas ao virar da esquina
 
Exaltas-me nas vozes quentes do Bolhão
No sotaque carregado, no deslize do palavrão
Nos passos apressados que desgastam cada paralelo
Encantas-me em cada recanto da livraria Lelo
 
Abrigas-me nas beiradas dos telhados
Nos cortejos academicos e seus hinos cantados
Tocas-me nas longas noites de S. João
Com um martelo na mão e contigo no coração

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

SEM PONTES



Acabou-se a distância, as pontes, a saudade...

Meu amor
Já é noite mas não direi "adeus"
E meus dedos continuarão sobre os teus
Acabaram-se aos domingos as despedidas
E as horas vazias de solidão perdidas

Meu amor
Agora caminhamos ambos na mesma margem
Sem rios ou montanhas à nossa passagem
Acabaram-se os  tempos sombrios sobre pontes
Na oposição forçada dos nossos horizontes

Meu amor, acabaram-se as pontes
Já não haverá distância, pontes... saudade
Que caiam todas as pontes perante esta verdade
Que caiam todas as sombrias pontes, de lés a lés
Porque todas as noites me aquecerás os pés!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

HIPERTENSÃO VITAL


Eu prefiro comida insossa e sal na vida! E vocês?

No prato dispenso alguns condimentos
Que possam originar certos eventos
Pois sei que comendo bem e evitando o sal
Posso prevenir-me da Hipertensão Arterial

Por outro lado, guardo todo esse sal
Que poderia comer mas que não comi
E despejo-o num pormenor original
Do que digo ou do que faço aqui e ali

Porque o lugar do sal não é certamente no prato
Mas assenta bem nas histórias que estou farto
Condimentando as palavras e o que acontece
Dou à vida a Hipertensão Vital que merece!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O GALEÃO


Não deixem que as vossas vidas se tornem "galeões fantasmas"... há sempre objetivos... há sempre portos...

A embarcação sai para navegar
Percorrer milhas em ondas de mar
Com o nobre destino de um dia encontrar
O lugar onde deve finalmente atracar

Mas há embarcações que se perdem no vento
Esquecem o objetivo inicial com o tempo
E tendo medo de se prenderem num momento
Oscilam no ondulante vaguear do pensamento

Não considerando nenhum porto muito bom
Com o medo de atracar tornado em obsessão
O liberto mar transforma-se então em prisão
Percorrido eternamente pelo pobre galeão

Bastaria apenas querer num porto atracar
Definir pensamentos no esboço do ondular
Mas na cega e amaldiçoada loucura de vaguear
O galeão fica fantasma e deixa a vida passar

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SENHORA DAS VITÓRIAS



As festas da minha terra em honra a Nossa Senhora das Vitórias começam já amanhã! Para quem estiver interessado em juntar-se à festa pode encontrar informações em https://www.facebook.com/nsvitorias?fref=ts

Num tempo pelo tempo afastado
Um rei manchava o seu reinado
Não cumprindo o que fora acordado
Com o seu irmão, pelo oceano afastado

Tal desrespeito pelos direitos sociais
Para que privilegiados o continuassem a ser
Revoltou os idealistas liberais
Rastilhando uma luta pelo poder

 A resposta a tal real comportamento vil
Conduziu ao triste inicio da guerra civil.
Para que a justiça se fizesse valer
Quantas pessoas tiveram de morrer?

E uma dessas batalhas teve lugar
Na Serra Lisa, a Lixa de outrora
Onde tropas romperam Ladário fora
E no pranto da dor... uma vitória!

Uma vitória que os liberais tinham de celebrar
Apesar de em minoria, conseguiram ganhar!
Pelos direitos roubados continuariam a lutar
Certamente com a Senhora das Vitórias a ajudar!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

MUNDOS ESCONDIDOS


Todos temos um mundo secreto... será possível revelá-lo?

Hoje estou longe deste mundo
Absorvida em pensamentos só meus
Percebes no meu olhar vago mas profundo
Apenas entendido por mim e por Deus

Longe desta realidade, longe de ti
E longe de mim?... talvez...
Eu sei que darias tudo para em momentos assim 
Penetrar em meu olhar uma só vez!

Também tu ás vezes tens esse olhar profundo
Também eu quero chegar ao porto desse mundo
Desse teu mundo, também misterioso, escondido
Em ti selado e só por ti protegido

Se me deixasses entrar nesse mundo só teu
Talvez eu te abrisse as portas do meu
E acendêssemos um ao outro o céu
Iluminando os nossos mundos de breu 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

GPS BARALHADO!



Será que vamos sempre para onde inicialmente queríamos ir?

Nenhum caminho é fácil
Somos nós que o complicamos?
Então somos nós o ponto frágil
E não será fácil mudarmos!

E num emaranhado de tanta estrada
Teimamos sempre em seguir a melhor
Mas a via rápida não está acabada
E "fugir" dos buracos cabe ao condutor!

No meio de tantos enganos
Chegamos mesmo a questionar:
Mas onde é que afinal erramos?
Onde é que quero mesmo chegar?!

E entre palpites falhados
No pensamento congestionado
Tento afinar o descontrolo
Do meu GPS baralhado!



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A PESSOA CERTA!


Esperto é aquele que erra com a pessoa certa?!...

Haverá de fato uma pessoa certa
Que torna a outra mais completa?
Alguém com quem valha a pena tentar
E mesmo errando acabe por acertar?

Como a única chave para a fechadura
Abrir a porta será uma loucura?
Como a tampa de uma panela...
Mas e se não servir para aquela?

É que às vezes há chaves desilusões
Que escondem um fosso de trambolhões
E apesar do pé servir no sapato
Esmigalha-nos os ossos com o salto!

Contudo será inevitável procurar
Sem ter grande medo de errar
E sentir-me depois o mais esperto
Por encontrar finalmente o par certo!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

ALARGAR O HORIZONTE



Eu tento alargar o meu horizonte todos os dias... e vocês, conseguiram alargar os vossos horizontes hoje?

O mais distante que minha visão avista,
Olho o cume da montanha mais alta
Saber o que está para lá seria uma conquista
E é esse o pensamento que mais me assalta

Resolvo então rumar a tal destino
Descendo aos vales, escalando a escarpa
Vou enganando o cansaço vespertino
E chego ao cume da montanha mais alta

Mas também daquele alto, olhando em redor
De todos os lados havia um limite
Que o olhar mais atento não permite
Atingir. Perde-se o contorno e o pormenor

Nesse momento vi que por mais que avance
Haverá sempre um horizonte em frente
Que limitará o objetivo de alcance
Para mim e para toda a gente

Sei que nunca absorverei toda a essência do mundo
Tudo o que queria e até desconheço que queria
E sei agora que o meu querer mais profundo
É apenas alargar meu horizonte a cada dia

quarta-feira, 23 de julho de 2014

ESPREGUIÇAR!


Porque será que espreguiçar é falta de educação?

Num momento de relaxamento
Resolvo fazer uns alongamentos
Espreguiçando-me por momentos
Quase caindo do meu assento

Estes músculos espreguiçados
Agradecem-me ser alongados
O meu humor ri-se melhorado
E o sangue desliza, recirculado

Mas a cultura é contra a libertação
E a tendência é a procrastinação
Por isso, alguns momentos de tensão
Para não dizerem que não tenho educação!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

COLO DE MÃE


Dedico este poema a um pequeno bebé e à alma da sua mãe...

Há-de haver outros colos para o aquecer
Mas chorará por aquele até o esquecer
Haverá outro leite que o fará crescer
Mas não de materno sabor, genuíno saber

Muito amor, muito afecto há-de ter
Mas roubaram-no de ainda outro receber
Muitos dias felizes e gloriosos há-de viver
Mas privado daquele beijo diário ao adormecer

Roubou-lhe a mãe, a vida sem razão
Mas ele há-de falar com ela em oração
E sentir sua presença como em devoção
Num calor que lhe preencha todo o coração

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O MEU GRITO!



Sou portuguesa e tenho muitos motivos para gritar... o que estão a fazer com a nossa pátria?

No meio da tempestade que alastra
Que para o frio e escuro nos arrasta
Que nos fragiliza e nos devasta
Agarro-me à luz do que acredito
E ganha força o meu grito!

No pantanal que tornaram nosso chão
Pisamos o incerto, no meio da escuridão
Caminhamos à deriva, sem orientação
Agarro-me ao chão do que acredito
E ganha voz o meu grito!

De olhos vendados e amarras na mão
Sinto-me nauseada deste cheiro a podridão
Orientam para o precipício a Nação
Enquanto não me amordaçam digo o que acredito
Enquanto não me amordaçam grito!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

VIVER



Eu quero viver e viver muito enquanto viver. E vocês?

Eu quero viver
Quero viver muito, mais e mais ainda
Quero despertar o sono e o dia que finda
E prolongar constantemente a energia vinda
Da minha mais profunda vontade de viver

Eu quero viver
Não quero sobreviver, nem passar tempo
Não quero contar dias, meses ou anos de vento
Mas quero saborear os segundos de um momento
E sentir no tacto um real viver

Eu quero viver
Quero meus sentidos apurados e exaltados
Agarrar conhecimentos e experiências aos bocados
Sentir emoções, sensações, sentimentos e fados
E mergulhar no mais verdadeiro viver

Eu quero viver
Quero libertar-me de dormências e de sonos
Da "pasmaceira" e de outros "monos"
E acompanhar o tempo sem limites, sem contornos
Viver e viver muito enquanto viver!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

PALCO DA VIDA



Será que somos apenas actores e a nossa vida uma representação, aguardando-nos a realidade de outra dimensão?...

Será que Deus é o encenador
E eu sem saber um mero actor
Que participa nesta longa metragem
Em que actos são anos, o palco a paisagem?

Numa peça em que os actos são anos a correr
O bom dia da manhã, o boa noite ao entardecer
São a voz a engrossar, a voz a esmorecer
As metamorfoses que a borboleta tem de ter

Nesta peça somos actores? somos peões?
Representando uma vida? representando emoções?
Actores de que verdade? Actores de que mentira?
A que dimensão pertence a pele fria?

E o que é esta realidade? Um palco?
Quão real será o impulso do meu salto?
Quão real será o queimar do asfalto?
Quão real será meu sangue a jorrar?
Quão real será minha voz a gritar?

Talvez seja apenas a representação
Da minha alma noutra dimensão...
E que após esta peça terminar 
Vejamos a verdadeira vida a começar

quarta-feira, 18 de junho de 2014

PORQUE TEM DE SER


Quantas coisas já fizeram por um obrigatório e inevitável "ter de ser"?

Para trás fica a cidade
E apesar da minha vontade
De ali estar e permanecer
Prevalece o "ter de ser"

Para trás deixo o meu rio,
O meu porto seguro, rumo ao desafio
Percorrendo águas sem as conhecer
Prevalecendo o que "tem de ser"

Para trás fica a lembrança
Agarrada a uma esperança
Que noutra idade possa reaver
O que larguei porque "teve de ser"

E segue a vida acomodada
Por um Deus há muito traçada
Que por mais que seja mudada
Termina num inevitável "ter de ser"

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DIPLOMAS E CERTIFICADOS


Como seria se por qualquer conquista, defeito ou regressão nos dessem um papel para a mão?

Para além dos diplomas académicos
E de outros certificados técnicos
Quantos outros poderiam existir
Para outras competências nos atribuir?

Logo a começar um certificado de marcha
Depois de sentar, gatinhar e andar
E mais um depois de palrar e falar
Teriam decerto uma certa graça!

Mais tarde, diplomas de traquinice
Outro confirmando a adolescência a chegar
Teria de ser pequeno, que mal se visse
E em material que não desse p´ra rasgar

Depois valiosos certificados de amizade
E de amor eterno enquanto durasse
Não esquecendo que há diplomas com validade
Perdendo o valor , se não o renovasse

Certificados de sonhos concretizados
Diplomas de constrangimentos contornados
Certificados de interajuda, ajuda e sorrisos
Certificados de "expert" em arranjar sarilhos

E se assim fosse, se por cada conquista
Ou se por cada defeito, ou regressão
Nos dessem um papel para a mão?
Enah! Seria grande a confusão!

Mas por outro lado poderia ajudar
A organizar a vida em prateleiras
E fazer-nos mais facilmente pensar
Nas nossas virtudes, nas nossas asneiras
E qual o diploma que queremos tirar!



quarta-feira, 4 de junho de 2014

PROIBIDO



O proibido será mesmo o mais apetecido?

Isto é um sinal de proibição
Mas tens esse impulso de transgressão
E metes-te numa estrada em contra mão
Ignorando o embate e a explosão

Isto é um domínio privado do castelo
E não tens permissão para vê-lo
Mas fintas os guardas para fazê-lo
Mesmo sabendo que "apanharás no pêlo"

Isto é uma manifestação ilegal
Que vai de encontro ao teu ideal
Juntas-te a ela pois é o natural
Mesmo que a tua foto saia no jornal

Isto é atracção, é querer por alguém
Que a tua sociedade não aceita bem
Pela cor, sexo, religião que tem
Que se danem as regras e a sociedade também!

Isto é o teu fruto proibido
Tão proibitivamente apetecido
Desde que o paraíso foi esquecido
Nos genes de Eva e Adão decidido   

quarta-feira, 28 de maio de 2014

TEDDY


Só os amantes dos animais poderão perceber este poema. Os outros acha-lo-ão ridículo. Para ti Teddy, onde quer que estejas...

Revejo na memória da saudade
Os teus imponentes saltos p´ró meu ombro
Onde ficavas a ronronar com vontade
Em acrobacias, a evitar um tombo

A tua atitude pouco felína, tão meiga,
O temperamento ameno que te distinguia
O teu estranho gosto por pão com manteiga...
Agora o pequeno almoço sabe a melancolia

Porque agora não partilho o meu pão
Porque agora não saltas p´rós ombros
Porque agora não ronronas aos ouvidos

Esta melancolia que afasto em vão
Entre lembranças que caem como escombros
Nos meus amargos pequenos almoços sentidos

quarta-feira, 21 de maio de 2014

SE EU VOASSE...



Já alguma vez, mesmo que numa infância distante, imaginaram poder voar? Ser o Super-Homem, a Mary Poppins, o Peter Pan ou a Fada Sininho? O que fariam com esse poder?

Se eu voasse, voasse... ah se eu voasse!
Deslizaria e dançaria no céu
Acompanharia qualquer pássaro que passasse
Acenderia estrelas em noites de breu

Se eu voasse, voasse... ah se eu voasse!
Escorregaria em arco-íris frescos e coloridos
Preveria  qualquer tornado que se aproximasse 
E alertaria para que danos fossem impedidos

Se eu voasse, voasse... faria loucuras!
Alcançaria o horizonte e enxergaria longe
Abraçaria mais natureza, mais culturas
Apagaria fogos em qualquer monte

Se eu voasse, voasse... era malabarista
Rodopiando em postes e saltando telhados
Numa hora residente, na outra turista
Vivendo histórias mágicas de pôr olhos esbugalhados

Se eu voasse,voasse... o longe seria perto
E muito perto estarias decerto
Se eu voasse... o tempo e o espaço
Seriam um pormenor no nosso abraço

quarta-feira, 14 de maio de 2014

FELICIDADE



Deixo uma reflexão sobre a felicidade... vocês QUEREM ser felizes ou SÃO felizes?... como disse o grande António Feio "façam o favor de ser felizes"!


O ar tem cheiro a felicidade
Não por capricho ou por vontade
Mas porque aceito como verdade
Que só preciso da minha realidade

Aceito que felicidade é aqui e agora
E não a vou procurar porta fora
Porque tudo o que tenho é tudo o que preciso
Para me sentir feliz, em meu perfeito juízo

Coitado de quem vive em constante procura
Pensando que no ter e obter está a cura
Encontrará uma infelicidade insatisfeita
Que se esquece do que tem e não o aproveita

Tudo o que tenho é sempre o que basta!
Se houver mais motivos, a felicidade alastra
Mas se não vierem, como chega o que se tem
Não haverá problemas e continuará tudo bem

Aceito que a felicidade é aqui e agora
A vida são dois dias... para quê essa demora?
Sempre a adiar... falta isto, aquilo, ai por um triz!
Chega! Eu não quero ser feliz... eu sou feliz!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

BONECOS DE TRAPOS


Deixo-vos hoje um poema sobre a partilha numa vida a dois. O blog ficará "fechado" por motivos de segunda lua de mel na próxima semana! Até daqui a 15 dias!!

Eu tirei o véu, o vestido
Tu também tiraste tuas roupas
E seguimos juntos o mesmo sentido
Partilhando a vida em coisas poucas

Partilhamos todos os pedaços
Fossem cicatrizes, fossem sonhos
Moldamos nossa peles aos traços
Que todos os dias juntos compomos

Costuramo-nos um ao outro nas feridas
Rasgamos sorrisos saudáveis
Livramo-nos das traças escondidas
Entre combates e guerras improváveis

E nossa pele não desmente
Que tecida num tear de emoções
Já não sabemos o que cada um sente
Só sabemos o que sentimos os dois

Talvez não seja humana a nossa condição 
Nesta mistura de tanta pele e de tantos incêndios
Mas aceito ser um boneco de trapos sem coração
Para partilhar nossos farrapos e nossos remendos

quarta-feira, 23 de abril de 2014

UMA NOVA LUZ


Conhecem alguém a quem um animal de estimação tenha "iluminado" a vida? Eu conheço... principalmente nos idosos, os animais de estimação podem-se vir a revelar uma companhia muito importante. Este poema é uma reflexão sobre este caso especial!
 
Minha alma andou perdida
Num mundo sem rostos
Com a luz esbatida,
Adoecida por desgostos
 
E de repente chegas tu,
Chegas tu à minha vida
E sinto meu espirito nú
Sem defesa à tua vinda
 
Chegas tu com esse olhar
E vejo novamente um rosto,
Essa vivacidade a saltitar
Que me faz rir, bem disposto
 
Chegaste tu, minha doce e traquina
Com essa luz intensa a irradiar
Tomarmos conta um do outro é a sina
Que reacendeu a luz no meu olhar

quarta-feira, 16 de abril de 2014

AMORITE



Nenhuma aula de cardiologia
Poderá decerto explicar
O que esta breve poesia
Aqui vem questionar

Como podem dois corações
Se atraírem entre milhões?
Descompassarem em arritmia
E ferverem em taquicardia?

Como podem dois corações
Comunicarem por palpitações?
Criarem alterações no ECG
Sem uma etiologia... porquê?

Como podem dois corações
Alterarem as suas conduções
Eléctricas, e faiscarem emoções
Sejam frágeis, saudáveis ou durões? 

Efeitos de alguns agentes emotivos lamechas
Às quais o organismo abriu brechas;
Faria o diagnóstico em termos pouco científicos
De amorite idiopática com efeitos cardíacos!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

PRESPETIVAS TERRESTRES


Dizes que ando sempre na lua
Tropeçando numa certa loucura
De um aluado sonhador
Que vive de ar e de amor

Em busca de constelações
Achando estrelas entre milhões
E estrelas cadentes apressadas
Por entre sonhos trespassadas

E sempre olhando para o ar
Volta e meia lá vou tropeçar
Nesse mundo sólido e agreste
De consistência tão dura e terrestre

Enquanto me ajudas a levantar amor
Repara nesta bela e terrestre flor
Junto à pedra onde meu equilíbrio cedeu,
Tal como eu vive voltada p'ró céu

quarta-feira, 2 de abril de 2014

CANTIGAS DA RUA


Reconheço no meio de buzinas
Impacientes e apressadas
Uma melodia e suas rimas
Por vozes quentes e afinadas

Entre muitos rostos apressados
Alguns abrandam um pouco o passo
Dissipam-se semblantes pesados
Entre o ritmo e o compasso

E num cantinho rotineiro da via
Surgem uma, outra e outra melodia
Cantadas por um qualquer sonhador

Musicas conhecidas e registadas,
Com cantor, mas que de tanto amadas
Tornam-se cantigas da rua, desse amador

quarta-feira, 26 de março de 2014

CARROSSEL


Num impulso, a incrível a sensação
De conduzir a vida em contra-mão
Desprendida de normas e de idades
Dirigida pelos sonhos e vontades

E se simplesmente parasse de conduzir,
Me sentasse descontraída e me deixasse ir?
Voltasse a ser novamente uma criança
Sem preocupação de como a vida avança?

E se ficasse sentada num carrossel
Girando em ilusões e fantasias de mel
Livrando-me das tempestades da vida em fel
Ao libertar nos céus um papagaio de papel?

E a cada volta do carrossel girando
Mais longe o meu eu ia avançando
Reencontrando a doce parte adormecida
Da criança e da inocência perdida


terça-feira, 18 de março de 2014

UM RIM DENTRO DE NÓS



Dentro de mim, de ti, de nós
Há um filtro que nos equilibra
É da natureza da vida
E hoje é dia de lhe dar voz

Dentro de eles, de ti, de mim
Há uma entrada e uma saída
De fluidos e matéria conduzida
Para que a vida não tenha fim

Dentro de eles, de ti, de mim
Há uma união sentida
E a esperança de uma vida
Partilhada por um rim


Dedico a todos os doentes insuficientes renais em programa de dialise

quarta-feira, 12 de março de 2014

DESCOBERTAS DA JANELA

Desta janela, um sol intenso
E a promessa de um mundo imenso
Ordenam a nossa presença
E que a nossa vontade vença

Vamos saltar pela janela
Vincar as unhas, roer a trela
Sim, somos ambos destemidos
Vamos apurar nossos sentidos

Tu e eu vamos descobrir
O que esta janela anda a encobrir
Vamos os dois, vamos saltar
Com este instinto a impulsionar...

Vamos caminhar agilmente sobre os muros
Vaguear ilegais, meter-nos em apuros
E recuperar depois no conflito dos telhados
Vendo a lua nos teus olhos espelhados

Seguirmos o voo inconstante dos pardais
Deslizarmos invisíveis e inaudiveis nos beirais
Vamos, eu e tu, vamos descobrir
O que esta janela nos anda a encobrir

quarta-feira, 5 de março de 2014

GERAÇÃO DE 70


Entre séculos, num passeio
Encontrei num café o recheio
Da geração de oiro de outrora
Elevando a ideologia que os devora

A revolução literária, o realismo
Na renuncia ao passado e ao romantismo,
Erguem-se Eça de Queirós e Antero Quental
Entre outros diletantes elegantes do real

Numa questão de bom senso e bom gosto
Entre ideias e livros, tudo fica exposto
Mas são criticados estes vencidos da vida
Numa sociedade contida e reprimida

Porque o preconceito, o pré-formatado
O pré-estabelecido e o predestinado
Comandam a mente de uma sociedade
Sobrepondo-se à lógica e à diversidade

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

LABIRINTO DE MIM


Mostraram-me duas estradas
E deram-me livre arbítrio,
Teria de ter novas moradas
Não podia manter-me nesse sítio

Caminhei nunca ao acaso
Escolhi caminhos com reflexão
A viagem seguiria com atraso
Mas nunca sem Razão e Emoção

E num momento de distração
Numa noite sem estrelas
Emoção? Razão?... nem vê-las!

Desde então caminho em vão
Sem saber o que penso ou sinto
Presa ao meu triste labirinto...




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

UM LIVRO DE CHOCOLATE


Se algum dia, deste meu rio,
no meio de remoinhos e frio,
brotasse um livro por alguma arte
que tivesse um trago a chocolate

E que fosse assim, bonito ao olhar
e intenso na textura e no paladar,
um livro que fosse fatiado e comido
como um bolo que desperta os sentidos

Digerido como quem absorve internamente
versos profundos que a poesia sente
que reconforta o corpo e que acalma
a fome e a sede desesperadas da alma

Se um dia houver livro, que seja assim
com trago a chocolate e alguma arte
para ser olhado, fatiado, saboreado
sentido, digerido e partilhado.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

DOCES DE AMIZADE


De cobertura branca, doce e cremosa
Era a saia daquela boneca mimosa
Que qualquer criança muito gulosa
Trocaria seu paladar por tal visão preciosa

De facto não tenho na memória seu paladar
Mas sim a imagem de uma boneca transformar
O bolo daquele décimo aniversário
Num dia de infância extraordinário

E porque a minha vida é construída de memórias
E vou cansando os amigos com tais histórias
Acharam que em surpresa me matariam a saudade
Se revivesse a doçura dessa breve e tenra idade

Uma réplica elaborada da boneca de outrora
Chegava a um aniversário maduro desta sonhadora
Que amigos de sempre e para sempre, por sua mão
Cozinharam de amizade surpresa e de emoção

Nesse dia meus amigos reacenderam em mim
A magia, o sonho e a emoção sem fim
Que apenas uma criança poderia agarrar
Pela doçura que a amizade conseguiu cozinhar

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CORTANDO O MAL PELA RAÍZ


Todos temos uma erva daninha
Que enfraquece a flor vizinha
E que prolifera sem qualquer medo
Se lhe derem adubo de fel e azedo

Todos temos um lado escuro
Escondido detrás do muro
Que cresce com as pedras e tijolos
Que surgem da inveja e maus olhos

Todos sem excepção temos esse lado
Lado sombrio, lado malvado
Mas todos o devemos reconhecer e conhecer
Para o podermos gradualmente combater

Será necessário muita auto-critica
Nem sempre são boas as acções que se pratica
Será preciso muita introspecção
Reflectirmos que nem sempre temos razão

Só assim encontrarei minhas ervas daninhas
Reconhecendo que são feias, más e minhas
E recolhendo-me a um jardineiro aprendiz
Tentar corta-las profundamente pela raiz

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O NOSSO TEMPO


Não esperes por amanhã
Para morder a maçã
E se quisermos em pecado
Nos deitarmos lado a lado

Meu amor
Este é o nosso tempo
Seremos livres como o vento
Sempre que atiçares as chamas
Ao dizeres que me amas

Não desperdices este tempo
Faremos da vida o nosso momento
Pararemos o tempo e o espaço
Com a força apertada do nosso abraço

Como deuses do Olimpo
Temos poderes que eu sinto
Pelo amor e pela vontade
O nosso tempo é a eternidade

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MARIONETAS



Colocaram-lhe uns baraços
Nas pernas e nos braços
E agitando-os no ar
Fizeram-no caminhar

Foi coagido nos movimentos
Nesse e em outros momentos
Manipularam-no na fala
Como quem vê e se cala

Os cordéis o arrastaram
A outros rumos o obrigaram
Meteram-no num triste avião
E cruzou os céus da emigração

Como se fosse um fantoche
Sujeito ao desprezo e ao deboche
Tiraram-lhe os sonhos e o norte
Decidiram a sua própria sorte

Como uma marioneta comandada
Pelas mãos de uma criança
À mercê da vontade alheia
A ver como a vida avança

Quantas marionetas somos?
Presos por diferentes contornos
Mas emaranhados, acorrentados
Já conformados ou desesperados?

Esperando que se rompam os baraços
Para retomarmos os nossos passos
Reacendermos a nossa raiz
E a esperança de um País

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

LEVA-ME CONTIGO


Nessa tua mala já quase feita
Entre as camisas, numa frincha estreita
Eu consigo enroscado caber decerto
E ir contigo, neste cantinho modesto

Não te preocupes com a comodidade
Oh só de ir contigo, que felicidade!
Que ficar para trás não seja tua vontade
Pois sei que morreria de tanta saudade

Neste cantinho mais nada caberia
Por isso acompanhar-te-ei neste dia
Nesta viagem talvez sem regresso
Continuar contigo é só o que peço

Aqui escondido não darás por mim
Mas se deres... mesmo assim...
Ficarás chateado e ralharás comigo
Mas não me abandones e leva-me contigo

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

XEQUE-MATE


Iniciamos aquele jogo os dois
Começaste e eu continuei depois
Envoltos em estratégia e táctica
Como um problema de matemática

E as nossas peças avançavam
Meus cavalos te derrubavam
Depois tuas damas controlavam
Nossas mentes e corpos se cansavam

Mas ninguém abandona a partida
Porque nestes jogos da vida
Há demasiado, há muito em jogo
As peças avançaram sem retorno...

E aos poucos a estratégia dissipou-se
A lógica em ilógica tornou-se
E  perdemos os dois, a cabeça e o juízo
Para entre um beijo exclamarmos em riso:
Xeque-mate!