terça-feira, 24 de dezembro de 2019

NATAL EGOCÊNTRICO


O Natal é nascimento e tempo do nosso próprio nascimento! É Natal sempre que  alguém se molda e se autoconstroi.
Hoje é mais Natal que nos outros dias porque há mais pessoas dispostas a melhorarem, a renascerem e a darem de si.
Numa linha de tempo, o Natal é uma data  que marca desde 354 dc a humanidade.
Na linha de tempo de uma vida humana, a cada ano, a cada dia, todos podíamos ser o Mr Scrooge: há um passado antes de cada Natal. Depois vem o Natal em que nos repensamos e sonhamos ser pessoas melhores, para depois renascermos e construírmos um Futuro com mais luz para nós e para os outros. O Natal vem sempre de dentro para fora...
Bons nascimentos, bons renascimentos...Feliz Natal!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

TRAIÇÃO


Eu escrevo sobre mim e sobre os meus pensamentos; sobre a vida de outros e sobre o pensamento de outros; e principalmente sobre os caminhos a que a imaginação me leva... O que eu escrevo são palavras... não vale a pena fazerem delas filmes! :)

Talvez nosso amor seja imperfeito
E eu seja quem guarda o defeito
Desta fragilidade de cristal
Talvez não sejas meu porto seguro
E eu te minta quando juro
Que a relação não está mal

Talvez eu seja a Eva do Paraíso
Que com uma maçã e pouco juízo
Arrisque tudo p´ra perder
Talvez eu seja a Dalila de Sansão
Com um golpe de tesoura na mão
Só p´ra te ficar a ver sofrer

Talvez seja eu a pecadora
Por não ser a mulher protetora
Da relação perfeita e feliz
E me lance em outros braços
Quando tu trocas meus abraços 
Pelos de alguma meretriz

Talvez nosso amor tenha defeito
E nenhum de nós saiba o jeito
De terminar, de resolver
Talvez nesta vida de traição
Não haja p´ra nós salvação
Condenados ao mal querer

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A CADA PASSO...


A cada passo, no contacto com o chão o ressoar de um som estridente aos meus ouvidos. Uma existência, uma realidade que habita e me sufoca. Talvez este chão seja demasiado rude para meus passos e talvez esta realidade seja demasiado crua para eu permanecer dentro dela. Mas quando de mim saio e levito em meus sonhos, há a frescura de outros atritos e de outros impactos criados por mim. A imaginação concerta pequenos danos da realidade que se ajustam aos meus passos e dão-me asas aos pés, dão serenidade à minha marcha e permitem que então, a realidade, faça algum sentido.

domingo, 24 de novembro de 2019

MAMÃ

Para o meu universo,  Gustavo, que faz 4 aninhos 

Há um nome para mim 
Para meu amor me chamar
Que traz na voz um jardim
De meiguice ao pronunciar 

É um nome pequenino
Feito de força e de amor 
E sempre que eu o ouço 
Sou Reia feita em esplendor

Sou então quase perfeita 
Em minha vasta imperfeição 
Aos olhos de quem se deita
No meu colo de proteção 

Sou tudo o que precisares
Se não for, faço magia 
Sei que às vezes vou errar 
Concertarei com amor no outro dia 

Há um nome para mim 
Que me acorda de manhã 
Desperta o melhor de mim 
Quando eu te ouço: “mamã”





quarta-feira, 6 de novembro de 2019

JÁ NINGUÉM MORRE POR GRANDES CAUSAS

Já ninguém morre definhando em palidez e olheiras, anoretico e tísico, por um amor impossível.
Já ninguém lava com o sangue de um duelo a sua honra... e onde está a honra?
Já ninguém morre fazendo do peito escudo dos ideais, desfazendo muros de segregação, libertando pátrias com balas ou cravos, hasteando bandeiras de liberdade.
Já ninguém morre por grandes causas, vivemos antes quase mortos, sem suspiros, numa letargia preguiçosa e desinteressante de nada nos palpitar em fervor no coração.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

THE THREE Ds OF CONFUSION



Os corvos de Odin pousaram nos cabelos brancos de um homem e uma identidade foi arrancada em prantos. Os corvos voaram e levaram uma qualquer parte de sabedoria e de arte que faziam daquele homem aquele homem.
Em sua cabeça entoavam agora os três Ds - delírio, depressão, demência. Alterações fisiológicas de um frágil ser que esbraceja, fica imóvel, grita e emudece - sempre fora de tempo, sempre fora daquele tempo que os outros acham certo. Sempre fora do tempo que outrora ele achou certo.
Delírio, depressão e demência. Agora mais nada lhe resta nesta morte em vida para além de permanecer nesse mundo paralelo sobrevoado por corvos.

SENTIMENTOS AMENOS - recitado


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

FUGA



Anda… vem… foge comigo!
Deixa esse teu abrigo
De marasmo e conforto
Anda… vem… mesmo com medo
Eu vou contar-te um segredo
Meu receio em ti absorto

Faz-me querer correr o risco
Por essa paixão eu arrisco
Por ti! Vivo ou morto!
Vamos agora que é madrugada
Seguir a adrenalina da estrada
Temo-nos a nós e à roupa do corpo…

Anda… vem… foge comigo!
Porque ficar é o maior perigo
Á mercê dos raptores
Das emoções vibrantes
Vamos para o ninho luso dos amantes
Encontrar a ilha dos Amores

Anda… vem… foge comigo!
Temo-nos a nós e à roupa do corpo…
Anda… vem… foge comigo!

terça-feira, 8 de outubro de 2019

HIATOS PARENTAIS



Maria e Manel tiveram um filho
E nem imaginavam o sarilho
Terminada a licença parental
Tropeçam numa fragilidade social

Vivem e trabalham na cidade
O bebé vai p´rá creche em tenra idade
Maria e Manel na cidade estão sós
Não têm a alternativa dos avós

Maria e Manel trabalham muito...
Mas como mudar o circuito?
Nas horas incomodas que se trabalha
Não há infantário que lhes valha!

Trabalham em horas pouco normais
Mas e agora que são pais?
Poucas opções irão encontrar
Para quem é pai e quer trabalhar...

A creche fecha às dezanove
Mas só às vinte é que Maria pode
O seu lindo bebé ir buscar...
E o Manel? Ainda estará a trabalhar!

E andamos assim a dar tiros nos pés
Em que é um luxo ter bebés
Em gestões de difíceis trilhos
Para quem seria bom pai de seus filhos...

terça-feira, 1 de outubro de 2019

BLASFÉMIA NO SEIXOSO - um encontro com Florbela Espanca


Obrigada à Casa das Artes de Felgueiras e a todas as entidades colectivas e singulares que sonharam e concretizaram este projeto; obrigada à família Cerqueira Magro que tão bem nos acolheu em sua casa; obrigada aos alunos que recitaram os meus poemas e à professora que os preparou (gostei muito de vos conhecer!); obrigada a todos os caminhantes pelos aplausos e pelas palavras que me encheram a alma (também gostei muito de ter a oportunidade de conhecer e falar um pouco com alguns de vós); e finalmente obrigada aos Há Lá Trio - os meus companheiros nestas andanças artísticas, por terem tocado cantado e composto tão bem! eh eh eh 




Ela chegou ao Seixoso
Carregando o fardo volumoso
De sentir... de respirar...
Bebeu da água de Juvêncio
E da floresta o silêncio
Tentativas vãs de se purgar

Como um pau torto do monte
Como a frescura da água da fonte
Sua essência não se altera
Inspiração de fazer corar a hipocrisia ingénua
"Em ti sou glória, altura e poesia" - Blasfémia!
No doce azedume da real quimera

COMIGO - recitado


VIVER - recitado


SENHORA DAS VITÓRIAS - recitado


quarta-feira, 21 de agosto de 2019

MEU PENSAMENTO


Meu pensamento mais secreto
Sempre uma sinapse de poesia
Que rasga o insosso do concreto
Pelo apurado sabor da heresia

Ode de emoções que roda submersa
No meu estreito de Messina
Com tácticas de guerra atravessa
A dura batalha da colina

E que vai além cheio de pressa
Para agarrar tudo o que interessa
Para sentir em sinestesia

O mais intimo do meu pensamento
Perdido num qualquer momento
Achado de novo na poesia

sábado, 17 de agosto de 2019

domingo, 11 de agosto de 2019

NÃO SABES NADA DE MIM



Tu não sabes nada de mim
Pensas saber o que imaginas
Mas não gastarei meu latim
Podes ver se estou na esquina!

Tu, de mim, não sabes nada
Mas num feio e humano vício
Olhas-me de dia e de madrugada
E traças o teu estudo fictício

Pois então contenta-te com ele!
Não te mostrarei debaixo da pele
O meu jardim e a minha estrada

Presunção cada um toma a que quer
Mas eu sou eu, cheia de mim e mulher
E tu de mim, não sabes mesmo nada


NOSTALGIA DO NÃO PASSADO... - recitado


segunda-feira, 22 de julho de 2019

CONVERSAS DE CAFÉ



Depois do jantar, começam a chegar
E nos lugares do costume (se não houver azedume)
Se sentam a falar, a comer e a beber
Café, cerveja e mais o que apetecer

Se é noite de bola, ninguém dá à sola
Até ao jogo acabar e o coração acalmar
"Mas como é que o cegueta do arbitro não viu...
Cartão vermelho quando o Pepe caiu!!"

Em dias mais calmos, de extrospecção
Fala-se de política com um copo na mão
Ninguém pinta unhas, falta ou adormece
Isso é só no parlamento que acontece!

A "assembleia" reunida questiona infeliz
A que estado chegou o nosso país!?!
Onde estará a causa, quem é a meretriz?
Capaz de secar a Lusitana raiz?

Tantas boas ideias... ai se fossem ouvidas!
Mudariam o rumo do país, de tantas vidas...
Mas enquanto não se faz o que se enseja
Mandai vir mais uma grade de cerveja!


quarta-feira, 19 de junho de 2019

MOLÉCULAS POÉTICAS


Talvez em cada molécula do meu ser
Cada átomo se alimente a sorver
Energia ionizante de poesia
Que o equilíbrio reinventa e desafia

Que meu pensamento seja em poesia
Em versos insolentes ou de cortesia
Embalos inquietantes ou deveras serenos
Sinapses explosivas, recomeços amenos

Numa base molecular que transforma
Todas as percepções dos sentidos
Em algo com todo o sentido...
... A poesia!

Ou então sem sentido nenhum
Mas onde eu vivo e me encontro
Como sendo parte de mim.

O AMOR TRAZ SAUDADE - recitado


quinta-feira, 23 de maio de 2019

SEM VACINA?!?! BOA SINA...


Para alguém mais distraído a quem a ironia do poema passe ao lado, fica aqui a mensagem literal: VACINEM-SE! Ok? 😉

Pega no telemóvel para pensar
Até onde o google a possa levar
Um blog de lifestyle para ver o look
Depois o instagram e o facebook

E no facebook, tão verosimil fonte
De instrução e sapiência ao monte
Um post Joaquina foi encontrar
Sobre os malefícios de se vacinar

Naqueles minutos refez a ciência
Néscia de bom senso ou evidência
Um insulto a Edward Jenner e outros demais:
"Minha filha não vou vacinar jamais!"

E se Joaquina insultou assim a ciência
O pior foi sua filha sofrer negligência
Pobre criança, esperamos que tenha sorte
De não cruzar as bactérias da morte

Agora Joaquina estuda regularmente
Mestrado em mezinhas do ar que se sente
As vacinas são veneno e não se engana
Tão certo e sabido como a terra ser plana!


CALIGRAFIA - recitado


sexta-feira, 3 de maio de 2019

SEM FALTA



Se o escuro é falta de luz 
E o frio a falta de calor
Tu és a aurora que seduz
E me aconchega em esplendor 

Se o silêncio é falta de som
Se a guerra é falta de paz
Tua voz a musica no tom
Que me faz não olhar para trás

Se a depressão é falta de sonho
Se a solidão falta de um abraço
Em humor maníaco, risonho
Fundimo-nos num só espaço

Se a morte é falta de vida
De um coração a bater
E duma sinapse mexida
Tu fazes meu corpo tremer

Que nunca faltasse o que faz falta
Ai, e o amor faz tanta falta
Amor... chega sem falta
E preenche o vazio que falta
A quem não sabe o que é amor

ACRESCENTA UM PONTO... - recitado


quarta-feira, 10 de abril de 2019

IBIZA DREAM



Toca a campainha
E nem espera p´la vizinha
Dá logo à sola
Para sair da escola

De cabelo apanhado
E com passo apressado
Lá vai a Marisa
Sonhando em ir a Ibiza

Marisa leu na revista
Que lá vai muito artista
Podia ser um começo 
Mudar a vida do avesso

E se a sorte permitir
Já se via a descobrir
Um tesouro de pirata
No iate d´um magnata

Com pestanas de boneca
A dançar na discoteca
Sob olhares atentos
De alguns caça talentos

Lá vai a Marisa
Sonhando em ir a Ibiza
Sem nobreza ou plano
De um sonho americano

Já tem a escola toda
O estilo e segue a moda
Marisa entra no team
De viver o Ibiza dream


MULHER -recitado


quarta-feira, 6 de março de 2019

MULHER


Eu só tive alma
No século quinze
Antes só tinha a calma
Que um humano finge

Fui analfabeta
Até ao século passado
Bastava ser esperta
P´ra carregar meu fardo

Hoje? Hoje não! Não me deem bebidas grátis!
Que nenhuma mulher tenha morrido queimada
Para me darem aos sábados bebidas grátis!

Mulher violada, mulher maltratada
Mulher assassinada, mulher mutilada
Mulher que não decide nada
Mulher mal paga e subjugada

Já não sou analfabeta
E continuo a ser esperta
Agora é de alma meu conteúdo
E se for preciso parto tudo!

Por isso hoje não me deem bebidas grátis!
Que nenhuma mulher tenha morrido queimada
Para me darem aos sábados bebidas grátis!
Quero o meu salário justo… eu pago!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O AMOR TRAZ SAUDADE



Se é saudade o que sinto
É porque já fui feliz
E que à minha alma minto
Abafando o que ela diz

Prefiro nem pensar
Nos dias de felicidade
Tentando assim matar
Mas em vão esta saudade

O que é desconhecido
Nunca será desejado
Como fazer-me esquecido
Depois do céu ter provado?

Está nos meus genes gravado
Na minha terra é tradição
Esta saudade é como o fado
E germina no coração

Regada por este amor
Que cruel foi para mim
Não tenho raiva, só dor
Cresce a saudade sem fim

Dizem que o ódio e o amor
Andam juntos, não é verdade
Provo eu, feito de dor
Que o amor traz a saudade…

NÃO DURMAS MENINO... #violênciadoméstica - recitado


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

NÃO DURMAS MENINO…


#Violenciadomestica#9mulheres1criançaassassinadas#perdadevaloresdasociedade

Não durmas meu menino, não durmas
Afasta o sono a vir
Não durmas meu menino, não durmas
Estás em casa, não podes dormir

Tudo calmo por enquanto
Em sobressalto a qualquer ruído
Procurando o melhor canto
Para permanecer escondido

Não durmas meu menino, não durmas
Que o monstro pode vir
E sabes, não haverá ninguém
Para a ti ou tua mãe acudir

Nem todos nascemos de amor
Tu nasceste condenado
A não conheceres o sabor
De um colo apaixonado

Não durmas meu menino, não durmas
Tu não sabes o que é um lar
Mas assombram-te os perigos da casa
E o monstro pode acordar

Não durmas meu menino, não durmas
Porque podes não acordar
Estás cansado e com medo
Mas ninguém te vai ajudar

DIZER AMOR - recitado


quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

AS CONCHINHAS DA DORY


Para o meu amor, Gustavo

Se fossemos peixinhos
Na água a nadar
Contra os remoinhos
Ou perigos do mar

Seguiríamos encostados
Barbatanas em abraço
Nesse mundo encantado
Do Nemo, o peixe palhaço

Entre tartarugas, corais
E peixinhos coloridos
Conheceríamos muito mais
Faríamos novos amigos

E como o Nemo, o peixinho atrevido
E como a Dory, o peixinho distraído
Viveríamos num mundo tão mais divertido!

Nós, como os papás da Dory distraída
Vivemos contigo histórias que são a nossa vida
Talvez a tenra idade não te deixe essa memória
Mas pegaremos então em conchas para te contar a história 

Cada concha um abraço, um beijinho, um sorriso
Filas de conchas em caminhos até um lugar preciso
Fazemos tantos caminhos, mais que as estradas romanas
Todos te levam aos papás com suas humanas barbatanas.
  

ESPREGUIÇAR - recitado