quinta-feira, 20 de setembro de 2018

POLITICAMENTE CORRETO?!...DEIXEM A POESIA PARA MIM!


"Meus portugueses e minhas portuguesas"
Para mim, "português" só basta
Pois na minha língua coesa
Não terminar em "A" não me afasta
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Não percam também tempo a inventar palavras
E eu posso manter o meu cartão de cidadão;
Também o podem mulheres com vidas amargas,
Tê-lo na carteira, sem euros, sem um tostão.

Ás mulheres vulneráveis, desfavorecidas
A terminologia da língua portuguesa
Não lhes põe no frigorífico comida!
Não lhes leva o pão até à mesa!
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Espaços só para mulheres
Quando se andar de autocarro?!
Não me descriminem! Isso fere!
Seria no mínimo um retrocesso bizarro
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Raças, etnias, religião, orientação sexual
É respeito considerar tudo normal
E é respeito não se fazer alarido
Eu respeito as diferenças e farão o mesmo comigo

Então não fomentem discussões parvas
Com demagogia e muitas divagações
Porque não interessam isoladas as palavras
Mas sim os seus contextos e as ações

As "maiorias" e "minorias" pedem com razão:
Respeito, segurança, saúde, educação, pão
Criação de oportunidades, liberdade de expressão
O resto?... a poesia?... deixem-na para mim.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

MARIA MARRECA



Alguém conhece a Maria Marreca e o Zé Careca?

O galo rouco e velho canta
É cedo, são seis da manhã
Maria Marreca se levanta
Nos habituais pezinhos de lã

Porque não quer acordar o Zé
Já que ao menos pode ele descansar
E também para quê pôr-se a pé
Se o Zé Careca não vai trabalhar?

Maria Marreca vai ao quintal
Alimenta o cão e as galinhas
Lava a roupa, põe no estendal
E rega a horta das vizinhas

As dores nas cruzes estão a acordar
Toma um ben-u-ron, já nem se queixa
E antes de sair para ir trabalhar
Diz ao Zé o almoço que lhe deixa

Há vinte anos que o Zé não trabalha
Desde um tal dia em que torceu o pé
Não há medico ou bruxo que lhe valha
E o coitado passa o dia no café!

Maria Marreca é levada da breca!
Toma um ben-u-ron para não arriar
Que seria de si e do seu Zé Careca
Se também ela não pudesse trabalhar!