O FUTURO NÃO EXISTE!

Feliz ano novo para todos! E que o amanhã seja  um bom Presente ;)

O Futuro não existe!

Tem os meus sonhos...

Tem os meus pesadelos...

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Quando está para chegar 

Chega sempre o Presente

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Expetativas, desejos, projetos

Que por mais que sejam certos...

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Não me venham com destino

Ou leituras da sina

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Não me venham com cartas de Tarot 

Ou com as previsões do avô

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Mas pode ser tão entusiasmante...

E pode ser tão angustiante

Não existe... mas insiste!

O Futuro não existe!

Não existe...mas insiste em influênciar...

Curioso como algo que não existe

Insiste e persiste por sonhos ou pesadelos

É a motivação e desmotivação 

Para desenrolar os novelos

Das linhas das vidas Presentes

SENTIDOS

Se o vento soprar ligeiro no ar

E tu não o sentires num arrepio

Então eu soprarei com os pulmões a rebentar

Para que possas sentir bem o frio

Se o vento soprar ligeiro no ar

E não o sentires a sussurrar ao ouvido

Então eu gritarei como a tempestade

E hás-de ouvir o meu alarido

Se o vento soprar ligeiro no ar

E tu não vires as folhas agitadas

Então eu serei furacão a avançar 

E hás-de ver folhas revoltadas

Sugarei teus pedaços de atenção

Poderei mais que os ventos, que o céu

Eviscerarei todo o meu mundo

Mas vou conseguir entrar no teu...

RELATIVIDADE

Ás paixões e desilusões da adolescência.

Einstein já há muito desenhou a teoria

Formulas de massa, velocidade e energia

Mas esta teoria tornou-se bem mais concreta

Quando fui ter contigo na minha bicicleta

E lá fui eu de gás, a toda a velocidade

Porque estar contigo era a minha maior vontade

O tempo e o espaço, é tudo tão relativo

Pedalei e o movimento fez-me sentir mais vivo

Distante já te via a olhares para mim

E quando cheguei a ti até saltei do selim

Para um beijo te dar, mas cortaste com um "É assim"...

E logo depois me deste um belo par de patins!

E assim, arrasada a minha alma de artista

Comecei experiências como um grande cientista

Por base a relatividade e fiz a minha teoria:

Os nossos tempos e espaços não estavam em sincronia

Hoje em dia já sei que nada é mesmo absoluto

Os tempos  e os espaços tornaram-me mais astuto

Aprendi que um não ou um sim podem ser "nins"!

Posso ir de bicicleta e regressar de patins!

Posso ir de bicicleta e regressar de patins!

 

BEIJINHO DO NARIZ

Um poema aos nossos beijinhos, meu querido Gutinho.

 Por vezes quando te apanho distraido

Lá te dou um beijo perto do ouvido 

E ficas então divertido e admirado

Com aquele som do meu beijo repenicado.

Outras vezes, tento dar-te beijos nas bochechas

Sei que não é facil ter uma mamã lamechas

Mas tu rapidamente pões a mamã no lugar 

Com a tua mãozita logo a contestar.

Pensei então, depois, em outro beijo te dar

E destes tu gostas e ris com a boca e o olhar

Às vezes até gargalhadas, entre um continuado sorrir

E logo a seguir és tu quem o quer repetir!

Como as culturas já não vivem sós

Fomos roubar  o beijinho dos esquimós

E  a cada narigada sou uma mamã feliz

Com os nossos, tão nossos, "beijinhos do nariz".

FOGO POSTO

Porque as centenas de fogos do dia 15 de Outubro não surgiram espontaneamente... houve mãos criminosas que atearam o fogo e causaram toda esta desgraça... e porque de santa não tenho nada, sou humana e a maldade desperta sentimentos maus, para esses desconhecidos o meu desejo: que ardam em fogo eterno, queimados pelo desassossego de alma se é que seres tão desprezíveis a possam ter...

Fogo posto!

Fogo sem rosto...

Que queimou tantos rostos...

Fogo que arde

Por pura maldade

Fogo que matou, matou, matou

Fogo que matou quem queria viver

Fogo que matou os sonhos de quem ficou

Fogo que matou pais e deixou filhos

Fogo que matou filhos e deixou pais

Fogo que matou pais e filhos

Fogo que matou animais

Fogo que matou idosos que não puderam correr

Fogo que matou quem correu e quem dormia

Fogo que matou numa barriga quem nunca nasceu

Fogo que matou quem ia ser mãe mas não foi

Fogo que matou a vida das vidas que poupou

Fogo que matou o futuro

Fogo posto!

Fogo posto por vermes...

Sem ofensa aos vermes do nosso ecossistema

Fogo posto por quem não sente

Fogo posto por quem não é filho de boa gente

Fogo posto por quem merece fogo eterno

E que queimem em fogo eterno

Nesta vida e no inferno

PINTAR O AMOR

Para os meus amigos Clarisse e David. Sejam Felizes!

Partiram de uma tela em branco

Completamente vazia e banal

Olhando-a sentados no mesmo banco

Reconheceram seu enorme potencial

Numa timidez inicial e breve

Partilharam as sua aguarelas

E em tons pastel, com risco leve

Desenharam as imagens mais belas

Juntos foram experimentando tons

E descobriram um tom negro

Mas os seus pincéis têm o condão

De corrigir as imperfeições sem medo

Puseram preto no branco e pintaram depois

Numa explosão de emoções e de cor

Souberam que queriam pintar os dois

E descobriram como pintar o Amor

E agora vão pintar o sete e pintar o caneco

Pintar um oásis no meio do deserto

Pintar o diabo a quatro, pintar com sabor

Porque descobriram como pintar o Amor.

PARALINGUAGEM

Tem andado atento ao que não é dito?

Por vezes não é nada fácil falar

O que queres dizer, o que queres explicar...

As palavras que dizes não fazem sentido

E vou-te perceber no teu tom, no teu sorriso

Naquelas alturas que te desligas de tudo

Que falo, não me calo, mas tu continuas mudo

Teus pensamentos secretos valem milhões

E vou descobri-los nas tuas interjeições!

Entre nós os dois não há silêncios pesados

Podemos até estar horas e horas calados

Sei que está tudo bem ou que está tudo mal

Apenas estando atenta à comunicação não verbal!

Suspiros segredados, sussurrados ao ouvido

E percebo tão bem o que falas comigo!

O jeito do teu olhar para além de uma imagem

É o som da nossa paralinguagem 

Quando desvias dos meus olhos teu olhar

E falas pausadamente com a voz a tremelicar

Não importa o quanto queiras mentir para mim

Sei que o teu "não" é somente um "sim"!

Sei que o teu "não" é somente um "sim"!

Sei que o teu "não" é somente um "sim"!

FIM DA ESTRADA

A todos os que perderam a vida, a todos os que a vida passará a ser muito mais triste e pesada, a todos os que perderam tudo, a todos que sofreram e a todos os que sofrem com este Portugal a arder... 

Não era para ser assim...

A estrada não tinha fim...

Pranto desesperado não o travou

O fogo cercou e devastou

A ira do Inferno na Terra...

E haverá outro, além deste na Terra?

Inferno de chamas, dispneia e dor de sorte

Em labaredas frias e escuras encontrar a morte

Não era para ser assim...

A estrada não tinha fim...

Era um dia quente, como outro qualquer

E teriam tantos dias para viver e viver

Não era para ser assim...

A estrada não tinha fim...

Alguma coisa está errada!

Somos quase nada...

Fim da estrada.

MEDINDO O AMOR

Poema inspirado no livro Adivinha o quanto eu gosto de ti, de Anita Jeram e Sam McBratney, e na música de André Sardet com o mesmo nome. Medindo o meu amor por ti... meu querido Gustavo.

Gostava de ti do tamanho do meu salto
Porque achava que saltava muito, muito alto
Mas descobri que o Canguru é um “saltador”
E que gosto de ti de um tamanho maior!

Gostava de ti da medida da minha altura
Agora que arranco folhas dos arbustos com bravura
Mas descobri que a Girafa é muito maior
E alcança qualquer folha, seja onde for

Gostava de ti como da velocidade
Do meu passo acelerado e com vontade
De andar muito, sem destino, sempre a andar
Mas soube que a Chita corre sem tropeçar

Gostava de ti até onde meus olhos veem
Até à esplendorosa lua, que tanto creem
Ser o sitio mais longe de alcançar…
Mas foguetões já a andaram a rondar!

Por isso decidi outra medida em minha mente
Que meus olhos não veem mas meu coração sente
Gosto de ti desde aqui até à lua como tinha dito

E depois da lua até além do infinito!

E agora finalmente posso descansar
E não terei de mais medidas testar
Daqui ao infinito é a medida do meu amor por ti…
Daqui ao infinito é a medida do nosso amor por ti…

ONDE FOMOS FELIZES

Tem medo de regressar aonde já foi feliz?

Naquele lugar distante

Onde tudo era perfeito

O amor era o bastante

Tudo era do nosso jeito

Trocamos palavras de amor

Entre toques de loucura

No beijo, apuramos sabor

Subimos a temperatura

Vivemos dias intensos

Sem fazer planos para depois

E agora paro e penso...

Em que falhamos os dois?

P´ra esbater esta saudade

Já pensei em regressar

Aonde nosso amor foi verdade

Ao nosso cantinho, nosso lugar

Mas depois pensei melhor

E voltar lá... sem ti 

Aumentaria mais a dor

E a saudade que mora aqui

Não, não voltarei

Ao lugar onde fui feliz contigo

Sei que em vez de ti, encontraria a solidão

Que tento ignorar, mas que vive comigo

NOSTALGIA DO NÃO PASSADO

É possível sentir-se saudade que algo que nunca existiu mas  que existiu nos nossos sonhos... também os sonhos são ou foram parte de nós. Concordam?

Semente de sombra sussurra

Evadida a evidência existente

Flor formosa não floriu

Não o foi no passado, não o é no presente

Teria sido tão bela se tivesse florido

Oh... nostalgicamente adivinho o seu odor

Sua presença delicada eu teria sentido

Num cuidado de amor que não foi amor

Num cuidado que não fora cuidado

Num sentimento que não chegou a ser sentido

Um passado que foi mal regado

Morrendo o passado antes de ter nascido.

ÂNIMO LEVE

Inspiração em pessoas que não tornam a sua vida uma dependência de outra pessoa e que no fim de um relacionamento seguem a sua vida! Para elas, este poema.

De pensamento distante mas sereno

Com lógica inconstante e breve

Num juízo calmo e ameno

Sigo comigo de ânimo leve

Tento não pensar no passado

No passado que terei amado

Ou em quem caminhou a meu lado

O bom que passei, não será um fardo.

Não penso nas loucuras cometidas,

Recriminações, para que serve?

Nem nas vitórias perdidas

Sigo comigo de ânimo leve

Não penso que estiveste aqui

Pois se hoje não estás...

Sei que chorarei o que perdi

Mas serei forte e capaz

Para seguir o meu rumo

Reinventar meu fio de prumo.

Remoer para mim não serve

Sigo comigo de ânimo leve

A vida começa em mim

E em mim é também seu fim

Tudo o resto se ganha, se perde

Sigo comigo de ânimo leve

RUINAS

Ruínas no meio da natureza... restos de outros tempos, outras pessoas...

Montes de mantas macias

Escondem escombros esquecidos,

Verdades vencidas, vazias

Pensamentos, pedidos, perdidos.

Mantos de montes macios

Revestem remanescente ruína

Sangram a seiva sentidos

Namorando negra neblina.

Rios recortam, rasgam

Montes, montanhas na margem

Arrastam, absorvem, apagam...

Cúmplices, completam a camuflagem.

Natureza da natureza nua,

Crua, cruel... corrosivo

Lavada no luar da lua

Adormecida num abraço abrasivo.

ABRAÇOS AO COLINHO

Um poema dedicado aos nossos abraços, que a mamã adora, adora, adora... meu querido Gustavo.

Sorrindo com os lábios e o olhar

Presenteias a mamã ao vê-la chegar

Esticas os bracinhos para em ti pegar

Resmungas um pouco se eu demorar

Pego então em ti, vens ao meu colinho

E que bom que é o teu abracinho

E entre beijinhos e este abraço apertado

A mamã até se esquece do quanto és pesado!

No nosso abraço há tempo para dançar

Um passo, dois passos, um lento rodopiar

E mesmo com a mamã já muito cansada

A dança recomeça soando a tua gargalhada

No nosso abraço há tempo para passeio

Nas tuas descobertas e aventuras sem receio

Mas quando, raramente, o receio aparece

A força do nosso abraço, cresce, cresce!

Daqui a uns tempos, para não andarmos derreados

Haverá só abraços ao colinho sentados! 

Mas muitos, muitos abraços sempre! e com que idade for!

Abraços cada vez mais apertados, com a força deste infinito amor...

 

SIGNIFICADOS DETURPADOS

Nem sempre é fácil fazermo-nos compreender, concordam?

Não, não foi isso que eu disse!

Certamente que reconto, mas insiste...

Não, ainda não percebeu...

Vamos confirmar se já entendeu...

Explico então de outra maneira

De forma mais simples, menos ligeira

Vamos lá, inspiro, expiro conto até três!

Parece que desta foi de vez...

E em outras situações, quem não percebeu?

Quem não percebeu e não perguntou?

Quem pensa que percebeu, mas não percebeu?

Mesmo falando , às vezes é complicado

Que o que dizemos seja bem interpretado

No meio de tanto significado deturpado.

CERTEZAS NÃO ABSOLUTAS SE FAZ FAVOR!

Qualquer certeza absoluta pode levar-nos à intolerância e à estagnação... não acham?

Sabem qual é o problema do mundo?

As certezas absolutas da Gente

Que nada vê e cega segue em frente

Não refletindo um único segundo.

Certezas absolutas podem levar a um poço fundo

Submergindo a  razão e libertando o fanatismo.

Não há liberdade de opinião... só egoismo

Egoísmo e inflexibilidade no raciocinio profundo

Porquê limitar a liberdade de pensar?

De repensar? de ponderar? de duvidar?

Se o Ser Humano é tão unicamente capaz!...

Certamente que tenho as minhas certezas,

Tenho-as como certas, defendo-as com fervor...

Mas certezas não absolutas se faz favor!