quarta-feira, 25 de junho de 2014

PALCO DA VIDA



Será que somos apenas actores e a nossa vida uma representação, aguardando-nos a realidade de outra dimensão?...

Será que Deus é o encenador
E eu sem saber um mero actor
Que participa nesta longa metragem
Em que actos são anos, o palco a paisagem?

Numa peça em que os actos são anos a correr
O bom dia da manhã, o boa noite ao entardecer
São a voz a engrossar, a voz a esmorecer
As metamorfoses que a borboleta tem de ter

Nesta peça somos actores? somos peões?
Representando uma vida? representando emoções?
Actores de que verdade? Actores de que mentira?
A que dimensão pertence a pele fria?

E o que é esta realidade? Um palco?
Quão real será o impulso do meu salto?
Quão real será o queimar do asfalto?
Quão real será meu sangue a jorrar?
Quão real será minha voz a gritar?

Talvez seja apenas a representação
Da minha alma noutra dimensão...
E que após esta peça terminar 
Vejamos a verdadeira vida a começar

quarta-feira, 18 de junho de 2014

PORQUE TEM DE SER


Quantas coisas já fizeram por um obrigatório e inevitável "ter de ser"?

Para trás fica a cidade
E apesar da minha vontade
De ali estar e permanecer
Prevalece o "ter de ser"

Para trás deixo o meu rio,
O meu porto seguro, rumo ao desafio
Percorrendo águas sem as conhecer
Prevalecendo o que "tem de ser"

Para trás fica a lembrança
Agarrada a uma esperança
Que noutra idade possa reaver
O que larguei porque "teve de ser"

E segue a vida acomodada
Por um Deus há muito traçada
Que por mais que seja mudada
Termina num inevitável "ter de ser"

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DIPLOMAS E CERTIFICADOS


Como seria se por qualquer conquista, defeito ou regressão nos dessem um papel para a mão?

Para além dos diplomas académicos
E de outros certificados técnicos
Quantos outros poderiam existir
Para outras competências nos atribuir?

Logo a começar um certificado de marcha
Depois de sentar, gatinhar e andar
E mais um depois de palrar e falar
Teriam decerto uma certa graça!

Mais tarde, diplomas de traquinice
Outro confirmando a adolescência a chegar
Teria de ser pequeno, que mal se visse
E em material que não desse p´ra rasgar

Depois valiosos certificados de amizade
E de amor eterno enquanto durasse
Não esquecendo que há diplomas com validade
Perdendo o valor , se não o renovasse

Certificados de sonhos concretizados
Diplomas de constrangimentos contornados
Certificados de interajuda, ajuda e sorrisos
Certificados de "expert" em arranjar sarilhos

E se assim fosse, se por cada conquista
Ou se por cada defeito, ou regressão
Nos dessem um papel para a mão?
Enah! Seria grande a confusão!

Mas por outro lado poderia ajudar
A organizar a vida em prateleiras
E fazer-nos mais facilmente pensar
Nas nossas virtudes, nas nossas asneiras
E qual o diploma que queremos tirar!



quarta-feira, 4 de junho de 2014

PROIBIDO



O proibido será mesmo o mais apetecido?

Isto é um sinal de proibição
Mas tens esse impulso de transgressão
E metes-te numa estrada em contra mão
Ignorando o embate e a explosão

Isto é um domínio privado do castelo
E não tens permissão para vê-lo
Mas fintas os guardas para fazê-lo
Mesmo sabendo que "apanharás no pêlo"

Isto é uma manifestação ilegal
Que vai de encontro ao teu ideal
Juntas-te a ela pois é o natural
Mesmo que a tua foto saia no jornal

Isto é atracção, é querer por alguém
Que a tua sociedade não aceita bem
Pela cor, sexo, religião que tem
Que se danem as regras e a sociedade também!

Isto é o teu fruto proibido
Tão proibitivamente apetecido
Desde que o paraíso foi esquecido
Nos genes de Eva e Adão decidido