terça-feira, 11 de dezembro de 2018

DOS IDEAIS AOS IDIOTAS EM PARIS


Cinquenta décadas separam
Esta manifestação infeliz
Dos ideais que avançaram
Os estudantes em Paris

Nesse maio distante
Em que exigiam florir
A cultura vibrante
De ser proibido proibir

De libertar a liberdade
E seus ideais serem a verdade.
Longe, meio século as separa
E não queiram aproximar!

Agora há coletes mas sem ideais
Há coletes mas só com interesses
Coletes que não respeitam os demais
Nem o património cultural deles!

Que queimam os carros dos outros
Porque os combustíveis estão caros
Que roubam as lojas dos outros
Porque os impostos são caros

Não são ideais… são desleais!
Podem ser milhões… mas são ladrões!
Que pilham e destroem

Não é a liberdade apregoada d'outrora
È o vandalismo que existe agora
Não estão contentes? Então votem!
Estão em democracia! Votem!
Não matem os ideais… deixem de ser idiotas!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

SÉTIMA ARTE


Fomos em grupo ao cinema
Ver aquele filme em destaque
Sentamo-nos a ver o dilema
Que trouxe a sétima arte

Sentamo-nos lado a lado
E sem nada p´ra falar
Ficamos mudos e enredados
Na história a começar

Uma cena mais emotiva
E ouvi-te a chorar baixinho
E numa atitude irrefletida
Fiz-te na mão um carinho

Olhaste-me então com surpresa
E eu a tentar disfarçar
Como se o pacote das pipocas
Fosse difícil de encontrar

Falamos desde esse momento
Baixinho ao ouvido, e a saber
O fim do filme, por contratempo
Na sala e não chegamos a ver!

Então o tal filme acabou
E nossa história a começar
Em realidade se tornou 
E agora dá bem que falar

Descobri que és do Benfica,
Vegetariana e confiante
Não simpatizo com a equipa
Nem partilho o restaurante

Descobriste que às vezes sou chato,
Do mais desarrumado que viste
E que não podemos ter um gato
Por causa da minha rinite

Não daria para um filme
A nossa história de amor
Mas não troco por nenhuma outra
Nem a história, nem o amor

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

VIDA (DEMASIADO) LONGA PARA AMOR ETERNO


Sabia que existem algumas espécies de traças que vivem só 24 horas?

Se eu fosse uma traçada
À procura de ti, minha luz
Num voo que alarga e abraça
Que amplifica e logo reduz

Se eu fosse essa traça
Que só tem um dia de vida
Minha luz, serias a minha graça
E em ti morreria embebida

Se eu fosse uma traça
Que vive vinte e quatro horas
Este amor por ti que se laça
Seria eterno e sem demoras

Mas eu acho que não sou traça
Acho que serei borboleta
E viverei mais dias por desgraça
Rumarei para parte incerta

Não que eu não te ame
Mas a vida é muito longa
E por mais lágrimas que se derrame
Há mais luz e há mais sombra

Não sou traça minha luz
Viverei demais para ficar em nosso amor
E há todo um mundo que seduz
Há flores e polens p´ra conhecer o sabor

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Certamente que já sabe o que fazer no Halloween, mas já pensou o que fazer no próximo sábado? Eu deixo-lhe uma boa sugestão... próximo sábado, dia 3 de Novembro, eu e os Há Lá Trio estaremos no Barracão da Cultura de Macieira da Lixa pelas 21h30 com o espetáculo “O Pedro e a Inês”. Apareçam 😉

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

ACRESCENTA UM PONTO...


Contava a vizinha à vizinha:
"Sofia até chorou de felicidade
Quando o marido lhe deu o cão.
É pequeno, branco e brincalhão!"

Outra vizinha que passava
Ouviu a história de raspão
E ao senhor do talho já contava:
"Sofia até chorou pelo cão branquinho
Que o seu querido marido lhe deu.
O animal deve estar doentinho."

O senhor do talho é um pouco surdo
E apesar de não gostar de fofoquisse
Ouve mal mas não é mudo
E à sua freguesia disse:
"Sofia chorava pelo marido
Está doente e deve estar muito mal!
Parece que até está branco como a cal"

E a vizinhança que é boa vizinhança
Ia perguntar à Sofia pelo marido 
Quando o vê com um cão, a saltar como uma criança!
"Esta Sofia diz cada coisa sem sentido"!...

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

SENTIMENTOS AMENOS


Lembro-me de sentir o que seria
A intensidade máxima dos sentimentos
Numa altura em que eu sentia
E vivia todos os meus momentos

Num tempo em que eu era eu
Que todo o amor era meu
Ou toda a tristeza era minha
Mas eu sentia muito o que vinha!

Não sei que pancada da vida
Roubou a felicidade plena
Não sei que problema sem saída
Tornou a tristeza amena

Lembro-me de sentir mais do que sinto
Lembro-me bem, mas não sinto!
Como quem já se escondeu debaixo do sofá
Mas agora, só o pé caberia lá

Agora quando fico feliz
Sei que poderia ser mais feliz
Agora quando fico triste
Sei que poderia ser mais triste

Porque já senti essas amplitudes
Mas não as consigo sentir outra vez
E não é um problema de atitude.
Será um problema de alma? Talvez...
Será um problema da vida? Talvez...


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

POLITICAMENTE CORRETO?!...DEIXEM A POESIA PARA MIM!


"Meus portugueses e minhas portuguesas"
Para mim, "português" só basta
Pois na minha língua coesa
Não terminar em "A" não me afasta
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Não percam também tempo a inventar palavras
E eu posso manter o meu cartão de cidadão;
Também o podem mulheres com vidas amargas,
Tê-lo na carteira, sem euros, sem um tostão.

Ás mulheres vulneráveis, desfavorecidas
A terminologia da língua portuguesa
Não lhes põe no frigorífico comida!
Não lhes leva o pão até à mesa!
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Espaços só para mulheres
Quando se andar de autocarro?!
Não me descriminem! Isso fere!
Seria no mínimo um retrocesso bizarro
Politicamente correto?!... deixem a poesia para mim!

Raças, etnias, religião, orientação sexual
É respeito considerar tudo normal
E é respeito não se fazer alarido
Eu respeito as diferenças e farão o mesmo comigo

Então não fomentem discussões parvas
Com demagogia e muitas divagações
Porque não interessam isoladas as palavras
Mas sim os seus contextos e as ações

As "maiorias" e "minorias" pedem com razão:
Respeito, segurança, saúde, educação, pão
Criação de oportunidades, liberdade de expressão
O resto?... a poesia?... deixem-na para mim.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

MARIA MARRECA



Alguém conhece a Maria Marreca e o Zé Careca?

O galo rouco e velho canta
É cedo, são seis da manhã
Maria Marreca se levanta
Nos habituais pezinhos de lã

Porque não quer acordar o Zé
Já que ao menos pode ele descansar
E também para quê pôr-se a pé
Se o Zé Careca não vai trabalhar?

Maria Marreca vai ao quintal
Alimenta o cão e as galinhas
Lava a roupa, põe no estendal
E rega a horta das vizinhas

As dores nas cruzes estão a acordar
Toma um ben-u-ron, já nem se queixa
E antes de sair para ir trabalhar
Diz ao Zé o almoço que lhe deixa

Há vinte anos que o Zé não trabalha
Desde um tal dia em que torceu o pé
Não há medico ou bruxo que lhe valha
E o coitado passa o dia no café!

Maria Marreca é levada da breca!
Toma um ben-u-ron para não arriar
Que seria de si e do seu Zé Careca
Se também ela não pudesse trabalhar!

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

FESTA DAS VITÓRIAS


Boa festa das Vitórias para todos! 

Com um belo penteado
E roupa nova, a estrear
O decote disfarçado
Para o pai não lhe ralhar

A Joana estava pronta
Para ir p’ra romaria
Ia p’rá festa com os pais
E voltava à hora que queria

Joana e seus pais chegaram
Mesmo na hora dos bombos
E a correr nos seus tamancos
Quase que dava um tombo

Valeu-lhe um tal rapazito
Que a agarrou pela cintura
Enquanto ela dava um grito
Ficou firme e bem segura

O rapaz piscou-lhe o olho
E Joana foi ter com os pais
Vê lá se ficas zarolho
Já te esticaste demais!”

Despediu-se da família
Que p´rá França ia abalar
Amanhã já não os via
Que a procissão ia acompanhar

Seguiu p´rá Praça do Comercio
E enquanto comia pipocas
Vendo as pulseiras da moda
Encontrou as amigas larocas

Foram andar nos carrinhos
E lá que grande encontrão
Era o rapaz que à bocadinho
Tinha evitado o trambolhão!

Juntaram-se os dois grupos
E continuaram a arruar
Agora as bandas de música
Iam começar a atuar

E a Joana e o rapazito
Em suas conversas parcas
Descobriram ambos sentir falta
De correr à frente das vacas!

Falavam das vacas de fogo
Dos seus feitos e memórias
Depois, mais ninguém os viu
Lá na Praça das Vitórias

A melhor festa para ir
É a festa das Vitórias
Vivem-se pequenas histórias
Guardam-se grandes memórias

sábado, 25 de agosto de 2018

O MUNDO É NOSSO




Olha para nós insaciáveis
Nesta vontade de viver
Descobrindo coisas incríveis
Sem nos cansarmos de aprender

Devoramos aos pedaços a vida
Sem recear o precipício
E encontrar a melhor saída
Já se tornou mesmo num vício

Não tenho medo de nada
Se puder apertar a tua mão
Estar entre a parede e a espada
Ou de guiarmos em contra-mão

Eu e tu! Juntamo-nos a fome 
E a vontade de comer
No luar quente que se consome
Até ao raio do amanhecer

Na vertigem de viver
Entre a asa e o fosso
O mundo pode não saber
Mas o mundo é todo nosso 

O MUNDO É NOSSO - Recitado


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

ARCO-ÍRIS DE OUTRO ESPETRO


Porque " O essencial é invisível aos olhos"...


Se a vida fosse uma nuvem
Que chora de felicidade
Ao ver-te a ti, meu sol
O arco-íris vinha com vontade

Mas a vida não é uma nuvem
E apesar de seres o meu sol
Aos adultos falta-nos imaginação
Ou é lenta como o caracol!

Mas não acredito só no que vejo
Pois sei que há um arco-íris
Num comprimento de onda não visivel
Inalcançavel  pela minha íris

Que nos envolve seja onde for
A luz não visível que vem de nós dois
Em comprimentos de onda de amor
Não se vê, mas sentimos depois

A vida não é uma nuvem
Mas há noutro espetro um arco-íris
Que ao ver-te a ti, meu sol
Toca meu coração, sem chegar à íris.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

ABRAÇOS


Será que o amor se pode medir pela intensidade de um abraço?


A minha alma triste viaja
E encontra algum sossego
Recordando teu abraço
E o cheiro do aconchego

Era num tempo que sorrias
Quando olhavas para mim
E eu sei que o que vias
Era o nosso amor sem fim

Que enchias o peito de ar
Para falar do nosso amor
Que me levavas na lembrança,
No coração, para onde for

Agora já não me abraças
Daquele jeito tão apertado
Mal me tocas logo afastas
E eu penso no doce passado

Agora já sais sem me olhar
Não sei o que levas no coração
E eu fico para aqui a recordar
Os nossos abraços com paixão

segunda-feira, 30 de julho de 2018

DAS TRIPAS CORAÇÃO


A todas as pessoas que por vários motivos  não têm uma vida fácil mas têm uma energia extraordinária e inesgotável dentro de si...

Tantas e tantas vezes
Ando a remar em vão
Passam dias, meses
E eu sempre em provação

Não semeio ventos, não
Mas só colho tempestades
Farei das tripas coração
Para ter frutos de vontades

Se escolho um caminho
Tem tudo p´ra ser errado
E mal espere, devagarinho
Levar um balde d`agua gelado

Não vou em contra mão
E só me dou com boa gente
Farei das tripas coração
P´ra ter o que o coração sente

Na vida para se vencer
É preciso ter-se sorte
Mas também há o querer
E lutarei até à morte

E balançando numa oração
Como uma árvore bebé
Farei das tripas coração
Mas sei que morrerei de pé



segunda-feira, 23 de julho de 2018

HAVANA




Vem pelas ruas comigo
Olha as ruínas do tempo
São a casa de um amigo
Ninguém fica ao relento

Vem pelas ruas comigo
Ideais sempre a partilhar 
Nem sempre os que trazem consigo...
Há comida para racionar

Vem pelas ruas comigo
Debaixo de chuva tropical
Sem te conhecer dançar contigo
Com a salsa espantar o mal

A pensar o que é liberdade
Com um cuba livre na mão
Seria tão linda a igualdade
Se não fosse uma imposição

Com a salsa no pé
E um mojito na mão
Se a vida fosse só dançar
Fazer outra revolução.


sábado, 14 de julho de 2018

PEDRO SEM INÊS


Hoje estou de coração cheio pelo carinho e comentários que tenho recebido relativamente ao espetáculo  de ontem - O Pedro e a Inês.
Hoje, sem dúvida que teria de ser este o poema a partilhar convosco, o qual dedico ao  Há Lá Trio (Emanuel Silva, Cláudia Teixeira, Telmo Sousa) e ao Sr padre André Ferreira.

Eras a bela Inês
Que em Coimbra eu achei
E sem qualquer sensatez
Minha alma te entreguei

Fui teu Pedro sem medo
Teu servo em desassossego
Bebi teu corpo em segredo
Nas águas frias do mondego

Com muito amor e sem razão
Lutaria para te dar o céu
Arrancaria qualquer coração
Mas foste tu quem arrancou o meu

Hoje vivo derrotado
Perdido nesta minha dor
Por ter sido o meu fado
Não seres o meu grande amor

Não tens alma Portuguesa
Falta-te o fervor da lealdade
Das “Inêses” que morreriam
Por amor ou por saudade

Desconfio não ser verdade
O teu nome mesmo Inês
Se não sabes o que é saudade
Do teu Pedro, a teus pés.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

QUE SOBREM OS SONHOS



Que haja sempre sonhos, principalmente nos piores momentos de uma vida, para mesmo a custo, ser possível seguir em frente


Se aqui não há amor
E o frio rouba o sabor
De um passado de calor
Que aqueçam os sonhos

Se não sobra a comida
Fica o estômago em ferida
À alma e tripa torcida
Que alimentem os sonhos

Se não há uma canção
Ou uma voz na escuridão
Só o silêncio da solidão
Que cantem os sonhos

Se não há segurança
Mas ingenuidade de criança
Em muralhas de esperança
Que protejam os sonhos

Se não há nada e a vida é duro carma
Derrotados o corpo e a alma,
Para me conseguir levantar da cama
Que sobrem os sonhos

sexta-feira, 29 de junho de 2018

ESPECTÁCULO - O PEDRO E A INÊS


Para além de poetisa agora sou também letrista!! Tudo graças à iniciativa e trabalho do maestro Emanuel Silva que compôs melodias lindíssimas, cheias de notas musicais sentidas, para os meus poemas e aos cantores Cláudia Teixeira e Telmo Sousa que quando cantam me fazem arrepiar... Curiosos? Então apareçam...

Sinopse: Quando uma poetisa, um compositor e dois cantores se juntam e fundem o que melhor sabem fazer, nasce arte e começa o espetáculo! Dirigido por Emanuel Silva, narrado por Ana Soares e cantado por Cláudia Teixeira e Telmo Sousa, “O Pedro e a Inês “ fala-nos sobre o amor. O espetáculo conta-nos a vida de Pedro, um poeta do início do século XX que se apaixona por Inês. Os amores e desamores destes personagens são contados através de músicas bem conhecidas do público, mas também de poemas e de músicas originais. “O Pedro e a Inês” é um espetáculo que transporta a plateia para uma reflexão sobre o amor e as suas arestas, embebido em palavras e música. O espetáculo “O Pedro e a Inês” decorrerá no dia 13 de Julho de 2018, pelas 21h30, no Auditório Ozanam (ao lado da igreja de Moure) numa cooprodução Macpiremo. A entrada é livre.

sábado, 9 de junho de 2018

CONVERSAS INOCENTES


Já pensou em mudar o mundo?

Quando eu era pequenina
Nem sabia ainda escrever
"Palmo e meio e já opina"
Tinha sempre algo a dizer

E na minha inocência
Coisas faziam-me pensar
Desconhecia política, ciência
Mas sabia conversar

Lembro-me de ver na TV
Guerras e pessoas a morrer
Pedia explicações, porquê?
Tinha sempre algo a dizer

As explicações eram sem sentido
Pois como poderia eu aceitar
Que alguém morresse com um tiro
Por outros não saberem conversar?!

Ainda não sabia escrever
Mas não parava de pensar
Tudo vai mudar quando crescer:
Vou ensiná-los a conversar!

Eu cresci e tudo mudou
Não no mundo mas em mim
A inocência que se dissipou
A erva daninha que mata o jardim

Aprendi que no mundo cansado
Não tenho nada a ensinar
Que o Homem é bicho complicado
E  nem sempre dá p´ra falar...

quinta-feira, 17 de maio de 2018

COMIGO



Porque se "penso logo existo"...

Ás vezes só queria pensar
Ter tempo para pensar
Ter tempo para ser eu

Consumida por rotinas
Girando em ladainhas
Mais um dia se adivinha
Que o vivo e não sou eu

Ter tempo p´ra falar comigo
Ser o meu próprio abrigo
Refletir se acredito no que digo
Confirmar se o presente é meu

Rotinas doentias e aceleradas
O tempo não chega a nada
E a mente embora cansada
Pede tempo para pensar

Quero pensamentos não forrmatados
Sem censura e sem resguardos
Que não sejam por outros moldados
Serem os meus... serem eu

Ás vezes preciso de tempo
Apenas para conversar comigo
Para pensar e me achar
Tempo meu para ser eu

sexta-feira, 4 de maio de 2018

DIZER AMOR


Para mim, hoje é um dia especial... hoje eu e o meu amor grande fazemos já 5 anos de casados!!
Por isso hoje é dia para um poema sobre o amor e como é bom amar! 
Dedico este poema ao meu amor grande, aos amigos Fernanda e Nuno que vão casar amanhã e a todas as pessoas que estão apaixonadas...

Meu amor
Isto são só palavras
Ingénuas e parvas
De um apaixonado

Em que o amor
Levou-me à doença
De ter esta crença
E não ficar calado

E dizer-te amor
Desde o dia em que te vi
Eu soube logo ali
Que ias ser o meu fado

Senti amor
Na barriga borboletas
As luzinhas dos cometas
Cabeça de ovo estrelado

Apenas amor
O que por ti eu sinto
E sempre que o finto
Ainda fica mais agarrado

Digo-te amor
Tenho medo da rejeição
De ouvir de ti um não
Mas não quero ser enganado

Se é amor
Quando fixas os meus olhos
E eu vejo afeto aos molhos
E depois coras um bocado

Diz-me então amor
Que tu me amas também
E não se saberá quem
É o mais apaixonado

quarta-feira, 25 de abril de 2018

RAIO DE LUZ


Para o meu raio de luz, Gustavo.


Ainda não são seis horas
O despertador está a dormir
Mas tu, sem grandes demoras
Tocas meu rosto a sorrir

Abro apenas meio olho
Devia estar a sonhar
Mas para meu consolo
Um abraço está a chegar

Retribuo algo cansada
E sinto uma energia sã
Pois de inverno, na madrugada
És o raio de luz da manhã

A qualquer hora da noite ou dia
Mesmo sem os óculos da miopia
Meus olhos brilharão de alegria
Ao ver o raio de luz da minha vida







sexta-feira, 13 de abril de 2018

NAMOROS DE ANTIGAMENTE


Há meio século atrás era mais ou menos assim, não era?

Fui espreitar à janela
Para ver se aquela
Luz de carro amarela
Eras tu a chegar

Pus-me somente bela
O batom de brilho que mela
Elegância de gazela
Para alguém reparar

Chegaste à hora certa
De atitude discreta
E por entre a porta aberta
Sorriste para mim

Estendeste ao meu pai a mão
Silêncio, até se calou o cão!
Eu sussurrei uma oração
E  o meu pai disse que sim!

Sentamo-nos no sofá
Eu do lado de cá
Tu, bem na ponta de lá
E a minha avó ao meio!

Falavas com a avó do tempo
Mas no pensamento
Lembrando o momento 
Do nosso primeiro passeio.


sexta-feira, 23 de março de 2018

O RIO



A vida é como um rio
Que existe mas não se agarra
Pode estar cheio ou estar vazio
Corrente fraca ou cheia de garra

Pode ser limpo ou poluído
Água que brota e mata a sede
Vida à deriva ou com sentido
Que em remoinhos se perde

Água transparente que se vê
Vida turva que não pára
Submersos, ignoro os porquês
E alguma ferida que não sára

Rio que seca de solidão
Vida que reacende num brinde
Não há alma sem perdão
Nem um rio que não finde

sábado, 3 de março de 2018

TUAREG



Um poema sobre a cultura berbere.

Em Berbere há uma língua de toques ancestral
Que fazendo pressões na palma da tua mão
Te falo segredos, te falo da minha paixão
Te falo sobre coisas de bem e de mal

Vamos os dois de mãos dadas e calados
E quando queremos falar em segredo
O nosso Berbere da língua dos dedos
Fica só entre nós, nossos toques falados

Digo-te que sou um Tuareg azul
Que sei sempre o caminho no deserto.
Posso até perder-me no incerto
Mas tu és o meu Oásis do sul.

Dizes-me que durante a minha viagem
Vais tatuar-me na  tua pele e no coração
E me surpreenderás numa miragem
Quando te voltar a tocar com minha mão

Sou um Tuareg da aridez do deserto
Falo verdades, mentiras, nem sempre sou correto;
Mas em Berbere, com toques na palma da mão 
Toco o meu Oásis com o meu coração.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

VIVÊNCIAS


Este poema foi um desafio lançado pelo meu amigo pintor David Carvalho e apresentado ontem, na inauguração da sua exposição de pintura "Vivências" que poderão apreciar durante o próximo mês no Barracão da Cultura de Macieira da Lixa.


Nos traços de pele vincados
E nos cabelos descolorados
Vivem em dormências
As minhas vivências

Vivi vidas diferentes:
De santo e indecentes,
A preto e branco e colorida,
Tudo numa só vida

Vivi coragem e vivi medo
Vivi exposto e em segredo
Trago comigo felicidade e dor
Trago comigo desapego e amor

Vivi a euforia bem alto
E caí a um fosso, num salto
No fim da queda livre, ainda a sofrer
Descobri como me reerguer

Amei e fui amado
Ajudei e fui ajudado
Venci e fui vencido
Esqueci e fui esquecido

Sou o que vivo e o que vivi
Fortificado pelo que não esqueci
Em alerta ou em dormências
Trago comigo minhas vivências

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

UM TRINTA E UM AOS VINTE E UM!



Porque hoje é um dia especial... este poema para o meu amor grande!


Com jeitos de romantismo
E vista para o rio Douro
Um discurso com simbolismo
E lá me pediste em namoro

Tu tinhas vinte e um
Eu quase vinte e dois
E que grande trinta e um!
Descobrimos o amor os dois!

Fomos amealhando com o tempo
Mais carinho e bem querer
Que, a qualquer contratempo
Veio sempre a prevalecer

Pois juntos fomos resolvendo
Os trinta e um que surgiam
E todos eles iam trazendo
Qualquer coisa que nos uniam

Depois tinhas trinta e um
E eu tinha trinta e dois
E metemo-nos noutro trinta e um!
Descobrimos outro amor os dois!

Agora temos mais idade que trinta e um
E muito mais amor que aos vinte e um
E juntos estamos e estaremos preparados
Para qualquer outro trinta e um, lado a lado.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

UMA MÃO CHEIA DE NADA



Cinco dedos compridos
Prontos para te tocar
Procuram um pouco perdidos
A melhor forma de te afagar

Cinco dedos desajeitados
Prontos para te embalar
Mantêm o ritmo, cansados
Para que consigas nanar

Cinco dedos despidos
Sem qualquer pretensão
Na riqueza dos seus sentidos
Sentem derretidos o teu coração

Uma mão cheia de nada!
Que encontra medo e incerteza
Mas que não ficará parada 
Para amaciar toda e qualquer dureza

Com tudo é uma mão cheia de nada...
Mas quando tua mão é o conteúdo
Para tudo estará preparada
Torna-se uma mão cheia de tudo!