quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

LABIRINTO DE MIM


Mostraram-me duas estradas
E deram-me livre arbítrio,
Teria de ter novas moradas
Não podia manter-me nesse sítio

Caminhei nunca ao acaso
Escolhi caminhos com reflexão
A viagem seguiria com atraso
Mas nunca sem Razão e Emoção

E num momento de distração
Numa noite sem estrelas
Emoção? Razão?... nem vê-las!

Desde então caminho em vão
Sem saber o que penso ou sinto
Presa ao meu triste labirinto...




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

UM LIVRO DE CHOCOLATE


Se algum dia, deste meu rio,
no meio de remoinhos e frio,
brotasse um livro por alguma arte
que tivesse um trago a chocolate

E que fosse assim, bonito ao olhar
e intenso na textura e no paladar,
um livro que fosse fatiado e comido
como um bolo que desperta os sentidos

Digerido como quem absorve internamente
versos profundos que a poesia sente
que reconforta o corpo e que acalma
a fome e a sede desesperadas da alma

Se um dia houver livro, que seja assim
com trago a chocolate e alguma arte
para ser olhado, fatiado, saboreado
sentido, digerido e partilhado.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

DOCES DE AMIZADE


De cobertura branca, doce e cremosa
Era a saia daquela boneca mimosa
Que qualquer criança muito gulosa
Trocaria seu paladar por tal visão preciosa

De facto não tenho na memória seu paladar
Mas sim a imagem de uma boneca transformar
O bolo daquele décimo aniversário
Num dia de infância extraordinário

E porque a minha vida é construída de memórias
E vou cansando os amigos com tais histórias
Acharam que em surpresa me matariam a saudade
Se revivesse a doçura dessa breve e tenra idade

Uma réplica elaborada da boneca de outrora
Chegava a um aniversário maduro desta sonhadora
Que amigos de sempre e para sempre, por sua mão
Cozinharam de amizade surpresa e de emoção

Nesse dia meus amigos reacenderam em mim
A magia, o sonho e a emoção sem fim
Que apenas uma criança poderia agarrar
Pela doçura que a amizade conseguiu cozinhar

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CORTANDO O MAL PELA RAÍZ


Todos temos uma erva daninha
Que enfraquece a flor vizinha
E que prolifera sem qualquer medo
Se lhe derem adubo de fel e azedo

Todos temos um lado escuro
Escondido detrás do muro
Que cresce com as pedras e tijolos
Que surgem da inveja e maus olhos

Todos sem excepção temos esse lado
Lado sombrio, lado malvado
Mas todos o devemos reconhecer e conhecer
Para o podermos gradualmente combater

Será necessário muita auto-critica
Nem sempre são boas as acções que se pratica
Será preciso muita introspecção
Reflectirmos que nem sempre temos razão

Só assim encontrarei minhas ervas daninhas
Reconhecendo que são feias, más e minhas
E recolhendo-me a um jardineiro aprendiz
Tentar corta-las profundamente pela raiz