sexta-feira, 23 de março de 2018

O RIO



A vida é como um rio
Que existe mas não se agarra
Pode estar cheio ou estar vazio
Corrente fraca ou cheia de garra

Pode ser limpo ou poluído
Água que brota e mata a sede
Vida à deriva ou com sentido
Que em remoinhos se perde

Água transparente que se vê
Vida turva que não pára
Submersos, ignoro os porquês
E alguma ferida que não sára

Rio que seca de solidão
Vida que reacende num brinde
Não há alma sem perdão
Nem um rio que não finde

sábado, 3 de março de 2018

TUAREG



Um poema sobre a cultura berbere.

Em Berbere há uma língua de toques ancestral
Que fazendo pressões na palma da tua mão
Te falo segredos, te falo da minha paixão
Te falo sobre coisas de bem e de mal

Vamos os dois de mãos dadas e calados
E quando queremos falar em segredo
O nosso Berbere da língua dos dedos
Fica só entre nós, nossos toques falados

Digo-te que sou um Tuareg azul
Que sei sempre o caminho no deserto.
Posso até perder-me no incerto
Mas tu és o meu Oásis do sul.

Dizes-me que durante a minha viagem
Vais tatuar-me na  tua pele e no coração
E me surpreenderás numa miragem
Quando te voltar a tocar com minha mão

Sou um Tuareg da aridez do deserto
Falo verdades, mentiras, nem sempre sou correto;
Mas em Berbere, com toques na palma da mão 
Toco o meu Oásis com o meu coração.