quarta-feira, 24 de setembro de 2014

SEM PONTES



Acabou-se a distância, as pontes, a saudade...

Meu amor
Já é noite mas não direi "adeus"
E meus dedos continuarão sobre os teus
Acabaram-se aos domingos as despedidas
E as horas vazias de solidão perdidas

Meu amor
Agora caminhamos ambos na mesma margem
Sem rios ou montanhas à nossa passagem
Acabaram-se os  tempos sombrios sobre pontes
Na oposição forçada dos nossos horizontes

Meu amor, acabaram-se as pontes
Já não haverá distância, pontes... saudade
Que caiam todas as pontes perante esta verdade
Que caiam todas as sombrias pontes, de lés a lés
Porque todas as noites me aquecerás os pés!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

HIPERTENSÃO VITAL


Eu prefiro comida insossa e sal na vida! E vocês?

No prato dispenso alguns condimentos
Que possam originar certos eventos
Pois sei que comendo bem e evitando o sal
Posso prevenir-me da Hipertensão Arterial

Por outro lado, guardo todo esse sal
Que poderia comer mas que não comi
E despejo-o num pormenor original
Do que digo ou do que faço aqui e ali

Porque o lugar do sal não é certamente no prato
Mas assenta bem nas histórias que estou farto
Condimentando as palavras e o que acontece
Dou à vida a Hipertensão Vital que merece!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O GALEÃO


Não deixem que as vossas vidas se tornem "galeões fantasmas"... há sempre objetivos... há sempre portos...

A embarcação sai para navegar
Percorrer milhas em ondas de mar
Com o nobre destino de um dia encontrar
O lugar onde deve finalmente atracar

Mas há embarcações que se perdem no vento
Esquecem o objetivo inicial com o tempo
E tendo medo de se prenderem num momento
Oscilam no ondulante vaguear do pensamento

Não considerando nenhum porto muito bom
Com o medo de atracar tornado em obsessão
O liberto mar transforma-se então em prisão
Percorrido eternamente pelo pobre galeão

Bastaria apenas querer num porto atracar
Definir pensamentos no esboço do ondular
Mas na cega e amaldiçoada loucura de vaguear
O galeão fica fantasma e deixa a vida passar