A vida é como um rio. Umas vezes enche-nos de acontecimentos e de emoções, tal como o rio transborda após um inverno rigoroso...Outras vezes pouco nos trazem os dias vazios, tal como as águas secam após o calor agreste de um Verão sufocante. Este será o rio da minha vida, dos meus verões e dos meus invernos...
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
THE THREE Ds OF CONFUSION
Os corvos de Odin pousaram nos cabelos brancos de um homem e uma identidade foi arrancada em prantos. Os corvos voaram e levaram uma qualquer parte de sabedoria e de arte que faziam daquele homem aquele homem.
Em sua cabeça entoavam agora os três Ds - delírio, depressão, demência. Alterações fisiológicas de um frágil ser que esbraceja, fica imóvel, grita e emudece - sempre fora de tempo, sempre fora daquele tempo que os outros acham certo. Sempre fora do tempo que outrora ele achou certo.
Delírio, depressão e demência. Agora mais nada lhe resta nesta morte em vida para além de permanecer nesse mundo paralelo sobrevoado por corvos.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
FUGA
Anda… vem… foge comigo!
Deixa esse teu abrigo
De marasmo e conforto
Anda… vem… mesmo com medo
Eu vou contar-te um segredo
Meu receio em ti absorto
Faz-me querer correr o risco
Por essa paixão eu arrisco
Por ti! Vivo ou morto!
Vamos agora que é madrugada
Seguir a adrenalina da estrada
Temo-nos a nós e à roupa do corpo…
Anda… vem… foge comigo!
Porque ficar é o maior perigo
Á mercê dos raptores
Das emoções vibrantes
Vamos para o ninho luso dos amantes
Encontrar a ilha dos Amores
Anda… vem… foge comigo!
Temo-nos a nós e à roupa do corpo…
Anda… vem… foge comigo!
terça-feira, 8 de outubro de 2019
HIATOS PARENTAIS
Maria e Manel tiveram um filho
E nem imaginavam o sarilho
Terminada a licença parental
Tropeçam numa fragilidade social
Vivem e trabalham na cidade
O bebé vai p´rá creche em tenra idade
Maria e Manel na cidade estão sós
Não têm a alternativa dos avós
Maria e Manel trabalham muito...
Mas como mudar o circuito?
Nas horas incomodas que se trabalha
Não há infantário que lhes valha!
Trabalham em horas pouco normais
Mas e agora que são pais?
Poucas opções irão encontrar
Para quem é pai e quer trabalhar...
A creche fecha às dezanove
Mas só às vinte é que Maria pode
O seu lindo bebé ir buscar...
E o Manel? Ainda estará a trabalhar!
E andamos assim a dar tiros nos pés
Em que é um luxo ter bebés
Em gestões de difíceis trilhos
Para quem seria bom pai de seus filhos...
terça-feira, 1 de outubro de 2019
BLASFÉMIA NO SEIXOSO - um encontro com Florbela Espanca
Obrigada à Casa das Artes de Felgueiras e a todas as entidades colectivas e singulares que sonharam e concretizaram este projeto; obrigada à família Cerqueira Magro que tão bem nos acolheu em sua casa; obrigada aos alunos que recitaram os meus poemas e à professora que os preparou (gostei muito de vos conhecer!); obrigada a todos os caminhantes pelos aplausos e pelas palavras que me encheram a alma (também gostei muito de ter a oportunidade de conhecer e falar um pouco com alguns de vós); e finalmente obrigada aos Há Lá Trio - os meus companheiros nestas andanças artísticas, por terem tocado cantado e composto tão bem! eh eh eh
Ela chegou ao Seixoso
Carregando o fardo volumoso
De sentir... de respirar...
Bebeu da água de Juvêncio
E da floresta o silêncio
Tentativas vãs de se purgar
Como um pau torto do monte
Como a frescura da água da fonte
Sua essência não se altera
Inspiração de fazer corar a hipocrisia ingénua
"Em ti sou glória, altura e poesia" - Blasfémia!
No doce azedume da real quimera
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