quarta-feira, 29 de outubro de 2014

OBSESSIVO-COMPULSIVO


Dedico este poema a todos os doentes obsessivo-compulsivos

Na mente um pensamento rebelde e intrusivo
Tão inaceitável como indesejadamente repetitivo.
Na busca da paz encontrou um falso amigo:
Agarrou-se e foi agarrada pelo comportamento compulsivo

E naquela ansiedade que não mata mas moi
Ah melhor se matasse!... Porque perturba, doi
Rituais minuciosos de simetria, alinhamento
Desordenam toda a vida, do já baralhado pensamento

Naquela ideia continua de sujidade e contaminação
Nenhuma água conseguia lavar da cabeça a confusão
E no ciclo vicioso do comportamento ritualizado
A atormentada mente perpetua o seu doentio e triste fado

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CARTA DE FORAL



O município de Felgueiras comemora os quinhentos anos de Foral. Viva El Rei D. Manuel!

Naquela carta estava o principio
Do que viria a ser o município
O Povo foi liberto do controlo feudal
Pelos privilégios concedidos no Foral

Com seus direitos e deveres, a liberdade
A terra prometida é agora da comunidade
Hoje é dia de nos juntarmos no pelourinho
E comemorarmos com dança e muito vinho

Porque aquela carta veio assim dizer
Que afinal o Povo tem algum poder
Abençoado seja tão nobre papel
E viva! Viva El Rei D Manuel!



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

ANIMAL ESTIMADO


Estima bem o seu animal de estimação?

De porte pequeno e expressão matreira
Com cauda a abanar, toda lampeira
Pêlo bem escovado e brilhantes na coleira
Seguia a cadelita na mala da estrangeira

E quem não os traz na mala ou pela coleira
Depois do dia de trabalho terá a noite inteira
Para os alimentar nos recipientes ou de mamadeira
E com eles caminhar na rua, em vez da passadeira

Vão consigo de férias, acompanham-no na feira
Ocupam na praia o melhor lugar na sua esteira
Vê seus hábitos humanos, alterados pela maneira
Com que o animal o encantou com a amizade verdadeira!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

MUI NOBRE E SEMPRE INVICTA

 
O que vos cativa mais na Invicta?

Tenho-te no aconchego de uma casa
No calor da castanha em brasa
Apregoada na estação do seu tempo
Á frente da estação de S. Bento
 
Respiro-te nos jardins de cristal
Com cheiro a flores, a café e a jornal
Passo pela Biblioteca Almeida Garrett
E pela vertigem d´uma vista que compromete
 
Divertes-me com os favaitos do Piolho
E pelos bares que vou passando o olho
Enquanto percorro calmamente as Galerias de Paris
Depois de comer uma francesinha no Aviz
 
Agitas-me na travessia do Douro
No rolar da pipa da bebida d'ouro
Tentas-me no comercio de Sta Catarina
E em outras lojas ao virar da esquina
 
Exaltas-me nas vozes quentes do Bolhão
No sotaque carregado, no deslize do palavrão
Nos passos apressados que desgastam cada paralelo
Encantas-me em cada recanto da livraria Lelo
 
Abrigas-me nas beiradas dos telhados
Nos cortejos academicos e seus hinos cantados
Tocas-me nas longas noites de S. João
Com um martelo na mão e contigo no coração