quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

CAMUFLAGEM


Hoje quase que queria não ser racional
Para poder imiscuir-me na natureza
E sentir que me juntava de forma natural
À sua mais pura essência e beleza

Queria não pensar e apenas ser
Ser um ser aos olhos dos outros, mas aos meus não
Abdicar dos pensamentos que me cansam de viver
E encontrar o equilíbrio no vazio da emoção

Eu queria ser uma erva do monte
Que se molha com a chuva, se agita com o vento
Ou ser um pássaro que dorme ao relento
Sobrevive de instinto e não de pensamento

Queria camuflar-me, deixar de pertencer à sociedade
E juntar-me à natureza mais densa do cerne da vida
Onde a vida é o que é, não é estudada ou compreendida
Não há racionalização, nem ajuste da vontade

Queria que meu corpo tomasse a forma
De um pequeno, rasteiro e verdejante arbusto
Os meus dedos folhas verdes lembrassem, num susto
E me mantivesse assim, abanando com o vento
Em comunhão com a natureza e longe do pensamento

Sem comentários: