A vida é como um rio. Umas vezes enche-nos de acontecimentos e de emoções, tal como o rio transborda após um inverno rigoroso...Outras vezes pouco nos trazem os dias vazios, tal como as águas secam após o calor agreste de um Verão sufocante. Este será o rio da minha vida, dos meus verões e dos meus invernos...
sábado, 22 de agosto de 2009
Utero Inseguro
Não tinha nascido... mas já sofria...
E quando nasci... tanta agonia...
Porque apenas sofri...
Não tinha nascido... mas com uma sina fatal
Quando nasci... a vida soube-me mal...
Não pude escolher...
Não tinha nascido... mas já sofria....
E quando nasci... que será de mim neste dia?
E que será de mim amanhã?...
Dedico este poema a todas os recém nascidos, filhos de mães toxicodependentes, que nascem com Síndrome de Abstinência Neonatal
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Tradição de Horror
Há muito que a bancada está cheia;
Aguarda-se com ansiedade na plateia,
Agitação e o antecipado deleite
Que o lado negro da alma verte
Depois, entre aplausos enche-se a arena
O pomposo cavaleiro já acena
Sobre o dorso do cavalo troteante
Este duo guerreiro e imponente
Do outro lado da arena, entretanto
Também se vislumbra já a um canto
A diabólica e temível fera,
O inimigo deste cenário de guerra
Só uma das partes escolhe esta guerra
E o destemido cavaleiro lança-se à fera
Em gestos ágeis, do seu alto pedestal,
Mesmo sem o confronto agressivo do animal
E a cada galope, que grande feito
Enche o cavaleiro de orgulho seu peito...
De um lado aplausos e incentivos
Do outro o sangue e os gemidos
A inteligência do Homem contra a força do animal
Uma frase infeliz para uma verdade brutal
Era da fera o sangue a jorrar...
Era sua pele que se estava a trespassar...
Mas tudo é relevado pela tradição
Que é a vida do touro à beira desta razão?
Espectáculos que a inteligência do Homem tece
Mancha de vergonha de um ser racional.
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de Picasso,
imagem: Tourada
quarta-feira, 10 de junho de 2009
A todas as crianças com escoliose e outros disturbios osteoarticulares
Era tão pequenina mas já queria crescer
Para alcançar a prateleira dos chocolates
Disseram-lhe que sim, que cresceria um dia
E que nesse lindo dia como que por magia
Atingiria o desejado armário das tartes
Mas quando alcançou a prateleira
Já não queria mais crescer...
Tinham-lhe dito que crescer era normal
Teria tanto de bom como de banal
"Não tenhas medo que não irás sofrer"
Mas para ela não foi assim...
Quando já conseguia alcançar o céu
Sentia-se triste e "desengonçada"
Ao olhar o espelho angustiada
Via um corpo sem harmonia que era o seu
Etiquetas:
Imagem: origem desconhecida
terça-feira, 12 de maio de 2009
Cão de Grande Coração
Meu fiel e leal companheiro
Se eu desaparecesse um dia inteiro
Seguirias pelo mundo meu cheiro
Até que tuas patas se rasgassem ao meio
E quando tuas patas se rasgassem,
Rastejarias mesmo com a pele rasgada
Porque enquanto teus pulmões respirassem
Dar-me-ias tua vida em troca de nada
Dar-me-ias tua vida em troca de nada
Tal como a dedicaste toda a mim
Dizem por isso que és "submisso, bem mandado"
Eu digo-te que és Grande, com uma pureza sem fim...
Quando minhas lágrimas rolavam p´lo teu pêlo
Ganias profundamente em aflição
Porque todo o mal que corroía minha alma
Passava em flecha para o teu coração
Oh valioso cão, Cão de Grande Coração
E há tanta gente que com requintes de malvadez
Te ataca, tortura, e se engrandece pelo que fez.
Gente que não merece o teu perdão
Gente que não merece ser tratada como gente
Porque não tem alma nem coração
Este poema é dedicado à memória do cão que foi assassinado com requintes de malvadez por Guillermo Vargas Habacuc, um homem sem alma nem coração. Um homem que tenta desculpar a sua monstruosidade considerando-a arte!!
Não deixem que isto aconteça de novo. Quem assiste de camarote sem fazer nada, como se o problema não fosse seu, também sofrerá um processo em que a sua alma e o seu coração encolhem!...
Colabore na petição para impedir uma nova morte no seguinte site:
http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html
Imagem: Cão que foi assassinado por Guillermo Vargas Habacuc
Se eu desaparecesse um dia inteiro
Seguirias pelo mundo meu cheiro
Até que tuas patas se rasgassem ao meio
E quando tuas patas se rasgassem,
Rastejarias mesmo com a pele rasgada
Porque enquanto teus pulmões respirassem
Dar-me-ias tua vida em troca de nada
Dar-me-ias tua vida em troca de nada
Tal como a dedicaste toda a mim
Dizem por isso que és "submisso, bem mandado"
Eu digo-te que és Grande, com uma pureza sem fim...
Quando minhas lágrimas rolavam p´lo teu pêlo
Ganias profundamente em aflição
Porque todo o mal que corroía minha alma
Passava em flecha para o teu coração
Oh valioso cão, Cão de Grande Coração
E há tanta gente que com requintes de malvadez
Te ataca, tortura, e se engrandece pelo que fez.
Gente que não merece o teu perdão
Gente que não merece ser tratada como gente
Porque não tem alma nem coração
Este poema é dedicado à memória do cão que foi assassinado com requintes de malvadez por Guillermo Vargas Habacuc, um homem sem alma nem coração. Um homem que tenta desculpar a sua monstruosidade considerando-a arte!!
Não deixem que isto aconteça de novo. Quem assiste de camarote sem fazer nada, como se o problema não fosse seu, também sofrerá um processo em que a sua alma e o seu coração encolhem!...
Colabore na petição para impedir uma nova morte no seguinte site:
http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html
Imagem: Cão que foi assassinado por Guillermo Vargas Habacuc
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Durante a noite
O sol cansou-se, e teus olhos pesados
Acharam bem perdurar fechados,
Aconchegados por algumas horas
Nos lençóis alvos, até ao nascer da aurora
E até a estrela da vida brilhar de novo,
Até seus raios baterem em teus olhos
Como quem bate à porta para a abrir,
Delicadamente se fazendo sentir,
Até esses raios delicados abrirem teus olhos,
Enquanto a longa noite cola tuas pálpebras
E te submete a esse estado quase inerte,
Que será que teus olhos vêem?
Oh que será que teus olhos sonham?
Que será que vês, quando meus olhos abertos
Velam o sono dos teus cerrados?
Passas por tantos lados…
Mil lugares, mil aventuras…
E depois o sol traz-te de novo
E nossos olhos abertos encontram-se e entendem-se
Abril 2009
Imagem: "The Starry Night" de Vincent Van Gogh
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Antes matava-se e esfolava-se...
"No tempo das cavernas"
Entre gestos e ruídos
Matava-se e esfolava-se
Eram de facto primitivos...
"Na época medieval"
Entre a espada e a armadura
Matava-se e esfolava-se
Qualquer Povo ou Cultura
"Nos tempos actuais,
Isto sim, é civilização":
Antes matava-se a esfolava-se
Mas agora não, agora não!!...
Agora "mata-se só de vez em quando"
Mais nuns sítios do que noutros
Esfola-se mais um bocadinho,
"Mas é tudo problema dos outros"!
Antes matava-se por fome
Esfolava-se pelo território
Por outras razões também
Mas porquê agora?´já não sei bem...
E que pensarão de nós os trinetos dos nossos trinetos?
Chamar-nos-ão de bárbaros,primitivos?
Espero que sim!
Seria sinal de que a humanidade evoluiu.
Imagem: pinturas rupestres
domingo, 12 de abril de 2009
Se eu não fosse assim...
Se eu não tivesse dois braços
Se eu não tivesse dois pés
Se eu não tivesse estudado
Se não falasse português
Se eu não fosse assim
Como olharias para mim?
Se eu não tivesse uma casa
Se eu não soubesse escrever
Se eu não tivesse este aspecto
Se não me soubesse defender
Se eu não fosse assim
Como olharias para mim?
Se eu não tivesse oportunidade
De ser como sou...
Seria outra pessoa? Seria outra?
Como olharias para mim?
Abril 2009
Imagem: "esferas" de Salvador Dali
quarta-feira, 18 de março de 2009
Da valsa ao hip-hop
Ouve-se o espirito da melodia
Ritmicamente a nos chamar
E a nossa alma, musical,
Dá-lhe o nosso corpo p´ra brincar
E o corpo contorce-se e brinca,
Dá forma ao espirito da melodia
E ri-se a alma que vinca
Alguns passos de poesia
E em cada gesto, que linda poesia:
Que bela interpretação do abstracto
Enche-se a pista vazia
Cria-se com a musica um pacto
No fim de tanto rodopiar,
Entre passos e pisadelas
Alimentou-se a alma que ri
E que saltou todas as cancelas
Março 2009
(Imagem: a dança; de Henri Matisse)
sábado, 7 de março de 2009
O corredor da vida / fim do mundo
Há quem diga que o mundo acabará,
Ditam o dia e a hora marcada;
Mas não é isso que vincará
Algumas linhas aqui traçadas...
Quando o mundo acaba? Não interessa!...
Eu quero apenas saber da vida!
Quero vive-la dia a dia, sem pressa:
Entrar pela entrada e sair pela saida.
Não vou à descoberta da saida.
Se assim fosse, nunca chegaria a entrar!
Mas há quem passe o tempo entre ilusões perdidas
Á volta da casa da vida, à procura "do acabar".
Procurem e entrem sempre pela entrada
Sigam então o corredor, sem pressas
Apanhem as pedras preciosas da calçada
E deixem as outras submersas.
Quando chegares ao fim do corredor
Só interessa o brilho das pedras coloridas
Aquelas que trouxeste dos corredores da vida.
E agora, em frente à saida
Já não interessa porque chegaste lá
Se chegou o fim do mundo, ou se tinha de ser...
Interessa que à porta da saída
Levavas todas as tuas pedras...
Março 2009
(imagem de Marc Chagall)
sábado, 28 de fevereiro de 2009
As histórias do velho homem
Passo a passo, devagar caminha
Mais depressa não poderia...
A dor nas "cruzes" que adivinha
Dava sinal que não tardaria
Seu casaco pingão de malha
Colado ao corpo, talha
Seus contornos curvados
De quem olha p´ró chão e prós lados...
...Já não olha para cima
Não tem idade para sonhar...
Perdido em pensamentos antigos
E sem pressa de chegar...
Teria tantas histórias p´ra contar...
Oh! Tivesse ele alguém para as ouvir...
O velho homem, foi lobo do mar
Quando seus passos eram de gazela...
Na altura que olhava para o céu
Ao manejar o barco à vela,
Nessa altura homem novo,
Ouvia as histórias do seu avô...
Hoje em dia ninguém ouve histórias
E o homem perdido nas suas memórias
Continua a caminhada só...
Fevereiro 2009
(imagem: Velho homem, de Leonardo Da Vinci)
sábado, 3 de janeiro de 2009
O Amanhã
Hoje acordei e vi
Tudo estava igual
A mesma rotina vivi,
As mesmas noticias no jornal
E Amanhã, como será?
Será que acordarei Amanhã?
Como será a manhã de Amanhã?
Será que algo de novo trará?
Quem sonha, sonha sempre com o Amanhã
Alguns são ainda mais sonhadores:
Sonham com o "depois de Amanhã"
Porque os sonhos são maiores...
O Amanhã é a vida em abstracto
Que tira a alma do retrato,
Dá-lhe movimento e o prazer
De pensar que vai conseguir o que quer
Mas quando não se é sonhador?
Quando não se deseja pelo Amanhã?
Porque todos os dias são como o Hoje?
O tempo foge...foge...
A alma resignada acompanha o tempo...
Dezembro/2008
(imagem: A persistência da memória, de Salvador Dali)
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